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‘Começa no Brasil o movimento dos indignados contra a corrupção’, um texto de Juan Arias

TEXTO PULICADO NO JORNAL ESPANHOL EL PAÍS NESTA QUINTA-FEIRA Juan Arias A celebração do Dia da Independência neste 7 de setembro no Brasil foi marcada pelo protesto. O movimento de indignados contra a corrupção escolheu esta data para começar suas manifestações, que acontecem em 35 cidades de 20 estados de todo o país nos próximos […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 10h49 - Publicado em 9 set 2011, 20h08

TEXTO PULICADO NO JORNAL ESPANHOL EL PAÍS NESTA QUINTA-FEIRA

Juan Arias

A celebração do Dia da Independência neste 7 de setembro no Brasil foi marcada pelo protesto. O movimento de indignados contra a corrupção escolheu esta data para começar suas manifestações, que acontecem em 35 cidades de 20 estados de todo o país nos próximos dias. Todas foram convocadas através das redes sociais, com a participação de 130 mil internautas.

Ontem foi a vez, entre outras, de São Paulo, com cinco marchas simultâneas em diferentes pontos da cidade, e Brasília. No Rio de Janeiro a manifestação foi convocada para 20 de setembro na mítica e central praça da Cinelândia, cenário histórico de protestos civis.

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Em Brasília, a manifestação reuniu 25 mil pessoas, segundo a polícia. O protesto aconteceu a 300 metros do desfile oficial da Independência, presidido pela chefe de Estado, Dilma Rousseff. As forças de segurança não permitiram que os manifestantes se aproximassem da cerimônia oficial, apesar de os protestos terem sido anunciados pelos organizadores como pacíficos e desligados de qualquer partido, “na linha do 15-M de Madrid”, de acordo com o jornal O Globo. Ao contrário, como perceberam os nove senadores que criaram um grupo de apoio às manifestações contra a corrupção, trata-se mais de “defender a iniciativa da presidenta de endurecer suas ações contra a ilegalidade, vista com maus olhos até por políticos de próprio partido e de alguns partidos aliados do governo que perderam quatro ministros”.

Os manifestantes, tanto em Brasília como em São Paulo e nas outras cidades, exibiram cartazes contra a corrupção e a impunidade, nos quais se lia frases como “não, vocês não podem”, ou “lugar de político corrupto é na cadeia”. Com as caras pintadas, muitos vestidos de negro em sinal de luto ou com narizes de palhaço e fazendo ruído com tudo o que podiam, os manifestantes não provocaram nenhuma altercação que exigiisse  intervenção da polícia.

Entre as reivindicações dos indignados de Brasília estava a de que o Supremo Tribunal Federal julgue e condene os 36 acusados no grande escândalo político de 2005, com o suborno aos deputados por parte do governo, que quase custou o cargo ao então presidente Lula.

Ainda que o grosso dos manifestantes fosse composto por jovens, nas marchas também se via crianças e pessoas mais velhas. Os milhares de manifestantes que saíram às ruas em todo o país têm um mérito especial, de acordo com o que disse o senador Cristóvam Buarque — um dos nove membros do Senado que apoiaram os indignados ─ porque não aderiram aos protestos o Partido dos Trabalhadores, que no passado sempre esteve à frente de todos os grandes protestos sociais, nem movimentos sociais como o dos Sem Terra, nem a União Nacional dos Estudantes (UNE) ou os grandes sindicatos.

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O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, declarou seu apoio aos manifestantes, apoiados também pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI), pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pela Federação da Indústria do Rio de Janeiro (Firjan). Esta entidade lançou o Manifesto de empresários brasileiros a favor da ética na política.

Através das redes sociais, os organizadores pediram aos manifestantes que pintassem as caras de preto, em sinal de luto pela corrupção que humilha o país. Walter Magalhães, 28 anos, um dos articuladores da marcha em Brasília, explica: “Não basta ficar parado na comodidade do sofá. Precisamos fazer algo para mostrar que estamos vivos e contra toda essa corrupção”.

Como as manifestações foram organizadas pelas redes sociais, é impossível calcular o número de participantes. Segundo os analistas políticos, o o importante é que “o fogo já se alastrou”.

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