Tipo curioso de peixe tem seis pernas – e não as usa só para andar; vídeo
Pesquisadores o investigaram para entender como surgem novos órgãos
Peixes são criaturas muito características, marcados pelas nadadeiras, escamas, guelras e os olhos sempre abertos. Uma espécie do fundo do mar, no entanto, desafia a imagem tradicional. Apesar do tronco convencional, seus órgãos laterais parecem asas e eles tem seis pernas. São os triglidanídios, também conhecidos como voador-de-fundo ou peixe-borboleta.
São várias as espécies dentro desse família, mas algumas delas tem uma característica especial. Além da utilidade para se locomover no leite oceânico, esses serem também tem sensores semelhantes a papilas gustativas, quer permite aos peixes identificar possíveis presas e cavar a areia para se alimentar.
Pesquisadores de Harvard e Stanford se uniram para tentar entender como esses órgãos se desenvolveram e os resultados foram publicados nesta quinta-feira, 26, no periódico científico Current Biology. “Este é um peixe que desenvolveu pernas usando os mesmos genes que contribuem para o desenvolvimento dos nossos membros e depois reutilizou essas pernas para encontrar presas usando os mesmos genes que as nossas línguas usam para saborear a comida”, disse Nicholas Bellono, autor do artigo. “Animal demais!”
Como as pernas surgiram nos peixes?
Através de estudos genéticos e moleculares, os pesquisadores descobriram que, por um feliz acaso da evolução, o gene tbx3a foi reativado nessa espécie. Essa peça genética, considerada ancestral por geneticistas, é a mesma envolvida no crescimento de pernas em outros animais — inclusive humanos — mas está silenciada na maioria das espécies de peixes.
E não para por ai. Além desse códigos genéticos, eles também viram que os mesmos genes presentes na língua de diversas espécies estão ativados nas pernas do peixe-borboleta, o que permite que ele investigue o fundo do mar em busca de presas escondidas sobre a areia.
Nem todas, no entanto, são iguais. Os cientistas começaram investigando a espécie Prionotus carolinus, onde essas características foram vistas, mas depois recebeu um grupo diferente de indivíduos e viu que eles eram diferentes. Apesar da aparência idêntica, os Prionotus evolans, recém chegados os laboratório, tem pernas incapazes de fazer essa investigação sensorial e de cavar em busca das suas presas.
Curiosamente, estes últimos, capazes de passear pelo fundo do mar, são os mais comuns, apesar da falta de habilidade em usar as pernas para sentir as presas. Isso sugere, de acordo com os autores, que a aquisição dos genes da língua são uma subespecialização e, portanto, surgiu mais recentemente na história evolutiva.