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Fósseis colecionáveis revelam a mente criativa dos neandertais

Estudo aponta que esses ancestrais reuniam objetos sem função prática, demonstrando pensamento abstrato

Por Marília Monitchele Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 9 dez 2024, 17h06

Uma nova análise de fósseis encontrados na Caverna Prado Vargas, na Espanha, sugere que os neandertais eram capazes de pensamento abstrato, mesmo antes de qualquer interação com o Homo sapiens. Essa conclusão surge da descoberta de um hábito peculiar entre esses ancestrais: colecionar objetos sem utilidade prática, movidos apenas pelo deleite estético.

Embora a coleção de objetos esteja frequentemente associada a tempos mais recentes — como a famosa biblioteca do rei assírio Assurbanipal, no século VII a.C., composta por tábuas de argila na antiga Mesopotâmia —, evidências arqueológicas indicam que essa prática é muito mais antiga. Entre os neandertais, que habitaram a Terra entre 400 mil e 40 mil anos atrás, já se observava o impulso de reunir itens que transcendem o apelo funcional.

No interior da Caverna Prado Vargas, em um nível datado de 39.800 a 54.600 anos atrás, pesquisadores encontraram 15 fósseis marinhos pertencentes a diversas famílias de moluscos do Cretáceo Superior. Esses fósseis, cuidadosamente transportados para o local, não mostram sinais de uso como ferramentas ou instrumentos de subsistência, sugerindo que sua presença se devia a um significado simbólico ou estético.

O que motivava os neandertais a colecionar?

A descoberta desafia antigas concepções sobre os neandertais, mostrando que eles não eram apenas habilidosos caçadores, mas também seres reflexivos e curiosos, características que costumam ser atribuídas apenas aos Homo sapiens. A motivação para coletar esses fósseis ainda intriga os cientistas: poderiam ter sido usados como ornamentos, marcadores culturais, presentes ou até brinquedos infantis, já que há indícios da presença de crianças no local.

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OS FÓSSEIS DA CAVERNA: Estudo sugere que os hominídeos ancestrais colecionavam itens apenas pelo deleite estético — (Ruiz et al., Quaternary, 2024/Reprodução)

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Seja qual for a finalidade, o comportamento traz novas informações acerca da sofisticação cognitiva desses ancestrais. É significativo, por exemplo, que não haja evidências da presença de humanos primitivos nessa área durante o período analisado, o que reforça a ideia de que essa prática foi desenvolvida de forma independente pelos neandertais.

“Essas atividades podem ter sido motivadas por inúmeras causas tangíveis e intangíveis, o que sugere que atividades de coleta e o pensamento abstrato associado estavam presentes nos neandertais antes da chegada dos humanos modernos”, escrevem os autores.

Os achados mostram que o desejo de colecionar — seja para expressar curiosidade, criatividade ou senso estético — é uma característica profundamente enraizada na história da evolução humana. “Esses fósseis podem ser entendidos como evidência de um interesse artístico ou uma atração ou curiosidade pelas formas da natureza”, conclui o estudo.

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