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Opinião política baseada em fatos
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Voluntarismo não funciona na economia, nem na política

Os seres humanos são insetos diante das instituições da democracia e da economia de mercado

Por Alberto Carlos Almeida 23 fev 2021, 09h39

Entenda-se por voluntarismo quando um indivíduo que se acha poderoso, até tem razões para achar isso em função do cargo que ocupa, decide ir contra instituições muito bem estabelecidas e com raízes profundas no comportamento e desejos humanos. Nós queremos melhorar nosso bem-estar, gostamos de ter e exercer a liberdade de pensar e criticar, gostamos de viver dentro da democracia e de um sistema econômico que permita a tomada de decisões relativamente descentralizadas. Refiro-me aqui às instituições da democracia liberal, que funciona dentro do capitalismo.

O voluntarismo soviético durou 70 anos, ruiu e não deixou sequer um nome de cidade ou de rua para contar a história de seu fracasso. O voluntarismo de Fernando Henrique Cardoso, com o câmbio fixo por quatro anos, resultou em um desastre econômico sem precedentes. Só depois de janeiro de 1999, e com muito sofrimento, o Brasil passou a trilhar o adequado caminho da responsabilidade fiscal. O voluntarismo de Dilma Rousseff com a redução dos juros na marra levou o país a uma nova catástrofe, desta vez com o retorno da inflação que solapou sem perdão a popularidade presidencial, como a própria Dilma muito bem experimentou.

A lista de episódios catastróficos que nasceram do desrespeito às regras mais fundamentais da economia de mercado é longa. Os indivíduos não são nada diante das instituições. Winston Churchill dissera que os seres humanos são insetos, e que ele era um vaga-lume. Realmente, diante de instituições como o edifício da democracia e a economia de mercado somos todos insetos. Alguns insetos acham que podem ir contra as regras muito bem estabelecidas destas instituições. Até são capazes de fazer isso sim, às vezes por um período longo e à custa de muitas vidas, como os fracassados regimes comunistas, outras vezes por um período curto e com um custo social e humanitário felizmente bem menor.

A principal virtude do mundo em que vivemos foi impor limites mais rígidos ao voluntarismo. Ainda assim, trata-se de um fenômeno semelhante aos acidentes, é possível reduzi-los, mas jamais extingui-los. Eis que agora estamos diante do voluntarismo de Bolsonaro. Já sabemos o desfecho, só não sabemos quando eclodirá. O voluntarismo de Dilma em seu primeiro mandato mandou a conta para a Dilma do segundo governo. Pode ser assim ou não com o inseto Bolsonaro, um grilo falante, a depender do desfecho da eleição de 2022.

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