Uma carta na manga do PT
Imagine-se candidatos a deputado federal: Haddad, Rui Costa, Camilo Santana e Wellington Dias. Eis o trunfo.
Na eleição geral de 2010 o então presidente Lula teve duas prioridades, eleger sua sucessora e ampliar a bancada do PT no Senado. A maior derrota que Lula sofrera no Legislativo foi imposta pelos senadores em dezembro de 2007 quando a CPMF, um imposto de 0,38% criado no governo Fernando Henrique, que incidia sobre as movimentações bancárias, não foi renovada. Aquele derrota significou uma perda de receita de 40 bilhões de reais por ano.
É evidente que um presidente da República minimamente responsável jamais esqueceria disto, e o trauma da derrota se transformou em impulso para a ação: Lula fez questão de animar o PT para que o partido tivesse candidatos competitivos ao Senado. O empenho funcionou. A bancada aumentou de 10 para 15 senadores.
É possível que o trauma do governo Bolsonaro, que hoje mobiliza não apenas o PT, mas inúmeras forças políticas, sirva novamente de estímulo para que Lula dê atenção especial às eleições legislativas, neste caso a da Câmara dos Deputados. Não se pode esquecer que em 2022 estarão proibidas as coligações para deputado, o que tende a beneficiar ainda mais os maiores partidos e, consequentemente, o PT. Isso seria um incentivo a mais para Lula coordenar uma ação visando ampliar a força de seu partido na câmara legislativa que, na maioria das vezes, define as proposições que serão ou não aprovadas.
O PT poderia formar nominatas para deputado federal muito fortes apenas com seus atuais quadros. Poderiam ser candidatos a deputado federal Tarso Genro no Rio Grande do Sul, Fernando Haddad e Eduardo Suplicy em São Paulo, Rui Costa na Bahia, Marília Arraes em Pernambuco, Camilo Santana no Ceará e Wellington Dias no Piauí. É claro que tais candidaturas ainda estão muito longe de serem efetivadas, pois dependem não apenas de humildade e disposição pessoal de cada um deles, mas principalmente de muita negociação política e de um candidato a presidente também competitivo, que gerasse uma grande expectativa de vitória e, portanto, uma possibilidade real de que se eleitos viessem a se tornar ministros de estado.
Essa galeria de fortes candidatos petistas à Câmara dos Deputados poderia ser ampliada facilmente caso outros políticos, cientes dos efeitos da proibição de coligações para cargos proporcionais, migrassem para o PT, como Marcelo Freixo no Rio de Janeiro, Roberto Requião no Paraná e Flávio Dino no Maranhão.
Momentos excepcionais exigem decisões ousadas e igualmente excepcionais. Há tempo para que uma ação como esta venha a ser articulada e levada a cabo. É viável e apenas o PT é capaz disto.