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Alberto Carlos Almeida

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Opinião política baseada em fatos
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Narendra Modi não é amigo de Bolsonaro

A Índia não ganha nada exportando vacinas para o Brasil, e Narendra Modi defende os interesses da Índia

Por Alberto Carlos Almeida Atualizado em 19 jan 2021, 19h26 - Publicado em 19 jan 2021, 18h19

Bolsonaro é imaturo quando se trata de alinhamento ideológico, ele acha que Narendra Modi, o primeiro-ministro da Índia, é amigo dele e gosta do Brasil apenas porque ambos são de direita. A política não funciona assim. Alguém dissera que países não têm amigos, têm somente interesses. Diante deste fato que rege a relação entre países, a Índia acaba de iniciar a exportação de vacinas e de seus insumos, sem que o Brasil esteja na lista dos países contemplados. O motivo é simples: o Brasil se alinhou aos Estados Unidos (EUA) contra a Índia na quebra de patentes de vários medicamentos junto à Organização Mundial do Comércio (OMC).

Narendra Modi deve ter dito para si mesmo: “por que razão irei vender vacinas ao Brasil uma vez que o Governo Bolsonaro prejudicou os interesses da Índia na OMC? O que ganho com isso? Bolsonaro e seus aliados irão fazer poses para fotos com as vacinas enviadas pela Índia em troco do quê?” Governantes não são trouxas, eles tomam decisões para defender os interesses de seus países visando obter de outras nações algo em troca. Bolsonaro se alinhou incondicionalmente aos EUA no tema das patentes (e em muitos outros), deixando de calcular o que o Brasil ganharia ou perderia com isso: é muita imaturidade política.

A Índia é um dos grandes produtores mundiais de insumos de medicamentos, por isso, ao menos no que diz respeito às vacinas contra o coronavírus, ela vem tentando quebrar as patentes de vacinas e medicamentos. Recentemente houve uma nova reunião na OMC para se debater esta questão e os representantes do Brasil se calaram. Ironicamente tal postura não deixou de ser um avanço, pois ao menos nossos diplomatas não reforçaram publicamente a posição já tomada de apoio aos EUA. Ainda assim, é curioso que Bolsonaro acredite que apoiar ou ser contra incondicionalmente a determinadas causas e questões não tenha consequência alguma. Isso é no mínimo infantil.

Nós brasileiros estamos sofrendo como resultado das decisões do Governo Bolsonaro. A vacinação rápida e em massa não apenas salvaria milhares de vidas, mas ajudaria bastante na retomada da atividade econômica. A vacina une com maestria saúde e economia, tal como vem sendo enfatizado pelo discurso de Bolsonaro. Porém, diante de episódios diplomáticos como este fica ainda mais clara a dificuldade de nosso presidente em lidar com a política e seu fim último: a grandeza de uma nação e de seu povo.

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