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Crônicas do mundo tecnológico e ultraconectado de hoje. Por Filipe Vilicic, autor de 'O Clube dos Youtubers' e de 'O Clique de 1 Bilhão de Dólares'.
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Adeus, taxista. Tchau, motoristas de Uber. Bem-vindos à era dos carros sem piloto

A notícia: o Uber, aquele famoso aplicativo de contratação de motoristas, está testando, em parceria com a Volvo, automóveis automatizados, dirigidos por um computador, não por um motorista. O adendo: em reportagem desta semana em VEJA (está na edição impressa, convido-os a ler), discutiu-se o efeito da uberização (em resumo: como a chegada do modelo […]

Por Filipe Vilicic Atualizado em 30 jul 2020, 21h59 - Publicado em 30 ago 2016, 19h36

A notícia: o Uber, aquele famoso aplicativo de contratação de motoristas, está testando, em parceria com a Volvo, automóveis automatizados, dirigidos por um computador, não por um motorista. O adendo: em reportagem desta semana em VEJA (está na edição impressa, convido-os a ler), discutiu-se o efeito da uberização (em resumo: como a chegada do modelo de negócios do app redefine relações comerciais, colocando clientes em contato direto com prestadores de serviço, sem intermediários). Na matéria é citado, também, o advento dos novos carros que se dirigem. O que eles representam? Um passo além da ideia de conectar diretamente quem quer com quem fornece um trabalho. Qual seria esse próximo estágio? Quando uma máquina faz a mesma tarefa (até melhor) que um ser humano – a exemplo de conduzir um veículo –, a comunicação passa a ser entre o cliente e o robô (e seus algoritmos). Não só intermediários empresariais e industriais, mas também qualquer outro indivíduo, acaba por ser tornar desnecessário na conta.

Então, conformem-se motoristas: sua profissão pode estar à beira da extinção. Não só a de taxistas, os que mais protestam contra a chegada do Uber. Também podem sumir os próprios motoristas do Uber.

Mas, calma, vai demorar um pouco (ainda). Os primeiros carros sem motorista do Uber começaram neste mês a serem testados nas ruas de Pittsburgh, nos Estados Unidos. Por enquanto, quem demanda uma corrida no app e acaba por encontrar um desses veículos é avisado antecipadamente de que poderá participar do teste – e há a opção de se negar a colaborar. Essas corridas em versão, digamos, “beta”, são gratuitas. Além disso, apesar de o automóvel não demandar um piloto, sempre há um a postos, pronto para assumir o volante se houver algum problema.

Por que essas precauções? Tratam-se de testes. Logo, desafios surgirão. Lembro que quando tive a oportunidade de ser conduzido por um desses carros sem motorista – no caso, um do Google, não do Uber –, o engenheiro que estava comigo comentou: “os algoritmos conseguem levar com facilidade em uma cidade como São Francisco, organizada; em São Paulo, por exemplo, ainda não seria possível, pela atual dificuldade de prever comportamentos inesperados, como o de motoqueiros no meio do trânsito”. Mesmo em áreas mais tranquilas, outros motoristas ainda poderiam adotar atitudes inesperadas ao algoritmo dessas máquinas.

Outro obstáculo no meio do caminho: pontes. Esses automóveis frequentemente se perdem no meio dessas construções. Por quê? Nas ruas, há uma série de pontos referenciais usados pelo GPS para se guiar, a exemplo de prédios, pedestres e postes. Em pontes, não são tantos esses “pontos referenciais”. Por isso, já ocorreu, em Pittsburgh, do motorista ter de assumir o comando de um desses novos veículos do Uber para conseguir atravessar uma ponte.

Entretanto, esses são problemas passageiros. AINDA (em caps lock, para frisar) questões. Como é de costume no ramo da inovação, logo existirão formas de contornar os obstáculos.

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Em outras palavras, está aí o aviso. Para todos os taxistas ou motoristas de apps, a mensagem é a mesma: tudo indica que os robôs logo irão substituí-los. E isso será bom para todos. Algumas das vantagens dessa substituição foram enumeradas pelo fundador e CEO do Uber, Travis Kalanick:

“Mais de 1 milhão de pessoas morrem em acidentes automobilísticos todos os anos. Carros sem motoristas poderão evitar essas tragédias”

Ou, pelo lado econômico:

“A razão de o Uber ainda ser caro é porque o cliente não está pagando apenas pelo carro – ele paga também pela pessoa dentro do carro. Quando não se tem mais um motorista no automóvel, esse custo é reduzido, tornando-se até menor do que o de ser dono e bancar a manutenção de um veículo próprio. A mágica está aí, pois basicamente tornamos o preço de andar de Uber menor que o de ser dono de um carro, o que acaba com a ideia de se ter um carro.”

Será que as ruas do futuro serão repletas de robôs-motoristas conduzindo humanos, como prevê Kalanick?

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