1 milhão de e-mails apoiam o Uber em São Paulo
Em 48 horas, dentre segunda e hoje, uma campanha do Uber fez com que 1 milhão de e-mails fossem enviados aos vereadores de São Paulo, em apoio à regularização dos aplicativos de compartilhamento de carros – o que abrangeria não só o Uber, mas sua concorrência direta. Isso exibe o suporte massivo da sociedade a […]
Em 48 horas, dentre segunda e hoje, uma campanha do Uber fez com que 1 milhão de e-mails fossem enviados aos vereadores de São Paulo, em apoio à regularização dos aplicativos de compartilhamento de carros – o que abrangeria não só o Uber, mas sua concorrência direta. Isso exibe o suporte massivo da sociedade a um serviço que procura aprimorar o transporte individual urbano. Questão que já foi tratada, de forma profunda, em reportagens anteriores de Veja, como essa, e posts desta coluna, a exemplo desse. Por isso, não me delongarei nesse ponto (leia esses outros textos para saber mais).
Neste momento, está para começar a votação, na Câmara de São Paulo, do projeto de lei que visa legalizar esses apps de transporte urbano. Os vereadores sofrem pressão de protestos de taxistas, que são contra a existência de qualquer concorrência a eles, mas também da população, em geral – como prova o 1 milhão de e-mails.
Como já muito falei de como é fundamental proteger inovações, em favor da sociedade, agora destaco os argumentos contrários dos taxistas. Todos ouvidos diretamente deles, principalmente por meio de sindicatos:
1ª O Uber não pagaria taxas e impostos específicos. Ok, mesmo que isso não seja totalmente verdade (novamente, como VEJA demonstrou nesta reportagem da revista), o projeto de lei que está para ser votado tem como objetivo criar essas cobranças e, indo além, punições em caso de descumprimento. Por fim, repórteres de VEJA pediram aos acusadores, os sindicatos de taxistas, por provas de que o Uber estaria, como eles ainda alegam, burlando (ou seja, deixando de pagar) impostos no Brasil. As evidências não foram compartilhadas.
2ª Justifica-se que os taxistas seriam prejudicados por esses aplicativos. Contudo, aqui há um erro grave. Tenta-se fazer com que o interesse individual, de um tipo de profissional, se sobressaia às demandas da população. Por fim, em nenhum momento se pede pela extinção da categoria dos taxistas. Pelo contrário, o que se quer é que eles continuem aí, porém, pela primeira vez, com um concorrente à altura – o que exigirá, naturalmente, que aprimorem seus serviços (como é o jogo em qualquer setor saudável da economia).
3º Fora os argumentos acima, há a justificativa do conflito. Eles explicam: líderes sindicais já declararam que, se o Uber for legalizado, haverá “guerra”. Taxistas já confessaram se “infiltrar” no serviço do app (cadastrando-se como motoristas, mas ainda fiéis aos sindicatos) para criar caos no trabalho do rival. Além disso, há o hábito de ameaçar, fisicamente e verbalmente, qualquer um que apoie a chegada da inovação, ou mesmo que “ouse” tocar no assunto. Nesse quesito, a conclusão é ainda mais simples: não se pode deixar que a truculência vença o debate racional e democrático.
Após esse raciocínio, volto a frisar, como fiz antes: sim, o Uber não é um serviço perfeito. Há problemas a serem discutidos, a exemplo de como se estabelece a relação trabalhista (se é que ela deve existir) entre os motoristas e a empresa. Esses pontos merecem debate, e o Uber já exibiu (como em resposta a processos judiciais nos Estados Unidos) que está disposto a ceder, quando preciso for. Contudo, são necessárias melhorias para o programa, não uma proibição, em uma resposta que só seria arcaica.