Sinal da primeira luz do universo é detectado por telescópio espacial; veja imagens
Observação inédita mostra que, apenas 330 milhões de anos após o Big Bang, uma galáxia já conseguia emitir luz em meio à escuridão do cosmos

Grupo formado por cientistas de vários países, liderado pela Universidade de Cambridge, detectaram, pela primeira vez, um sinal de luz vindo de uma galáxia que existiu quando o universo ainda era jovem e escuro. A descoberta, feita com o telescópio espacial James Webb e publicada nesta quarta-feira, 26, na revista Nature, mostra que essa galáxia, chamada JADES-GS-z13-1-LA, já emitia uma radiação intensa que conseguiu atravessar o gás denso e opaco que preenchia o cosmos logo após o Big Bang.
O sinal observado é uma luz muito específica, conhecida como emissão Lyman-alfa, produzida por átomos de hidrogênio. Em períodos tão remotos, esse tipo de luz normalmente não consegue se propagar, pois o espaço ainda era tomado por hidrogênio neutro, que absorvia a radiação. Mas essa galáxia conseguiu criar uma espécie de bolha ao seu redor — uma região onde o gás foi transformado em plasma pela ação da luz — permitindo que o brilho escapasse e cruzasse o universo por mais de 13 bilhões de anos até ser captado.

O que essa galáxia revela sobre as primeiras estrelas?
Esse achado revela que a reionização cósmica — processo que transformou o universo de opaco em transparente — pode ter começado antes do que os cientistas imaginavam. Após o Big Bang, o universo passou por uma longa era de trevas. A reionização foi o momento em que a luz das primeiras estrelas e galáxias começou a interagir com o gás ao redor, ionizando os átomos e permitindo que a radiação circulasse livremente pelo espaço.
O mais surpreendente é que essa transição pode ter sido impulsionada por galáxias pequenas e discretas, como a JADES-GS-z13-1-LA, e não pelos grandes sistemas que surgiram depois.
A radiação intensa vinda dessa galáxia sugere a presença de estrelas muito quentes ou um buraco negro em formação. Os cientistas também consideram a hipótese de que ela abrigue estrelas da População III, as primeiras do universo, compostas apenas pelos elementos mais leves e ainda nunca vistas diretamente.