Peixe é fotografado a 8.336m, região mais profunda já registrada
O registro foi feito 158m abaixo do recorde anterior, e o animal só sobrevive graças a um organismo adaptado à alta pressão
Um peixe-caracol foi fotografado nadando tranquilamente a 8.336 metros abaixo do nível do mar em uma região próxima ao Japão. O feito faz dele o maior recordista em profundidade já registrado por uma câmera. Seu antecessor tinha sido filmado na Fossa das Marianas, na altura dos 8.178 metros, em 2014. Os cientistas envolvidos na descoberta acreditam que se esse recorde for novamente quebrado será por uma variação de minutos de mergulho, aumentando a diferença para alguns poucos metros. Isso significa que o peixinho estava muito próximo do limite máximo para a sobrevivência de qualquer ser vivo.
Acredita-se que a foto registra um indivíduo da espécie Pseudoliparis, porém o animal não foi capturado para ser analisado. A imagem foi registrada por um sistema de câmera acoplado a um quadro ponderado lançado pela lateral de um navio, o DSSV Pressure Drop, e uma isca foi adicionada para atrair a vida marinha. Há aproximadamente 10 anos, Alan Jamieson, professor da Universidade da Austrália Ocidental e uma das maiores referências no estudo da vida marinha profunda, já havia previsto a possibilidade de se encontrar vida em profundidades de 8.200 a 8.400 metros, exatamente na região em que o registro foi feito. Jamieson especulou que os peixes seriam capazes de sobreviver a profundidades maiores devido às águas ligeiramente mais quentes de Izu-Ogasawara.
O peixe-caracol vive na parte mais profunda do oceano, conhecida como zona hadal, onde as profundidades chegam a valores entre 6.000 e 11.000 metros e nenhuma luz penetra, segundo a Associação Nacional Oceânica e Atmosférica. Existem cerca de 300 variedades desse tipo de peixe. Embora não sejam exclusivos de áreas profundas, seus corpos gelatinosos os tornam extremamente resistentes a esse tipo de ambiente. Além desses habitats, exemplares da espécie também se adaptaram às águas frias do Ártico e da Antártica.
Estima-se que a aproximadamente 8 quilômetros de profundidade esses peixes suportam uma pressão 800 vezes maior do que na superfície do oceano. O fato de não terem uma bexiga natatória, órgão cheio de gás que ajuda a controlar a flutuabilidade e é comum em muitas espécies de peixes, é uma vantagem adaptativa.