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Papiro revela o caso judicial mais detalhado da Judeia desde o julgamento de Jesus

Descoberta histórica traz detalhes sobre corrupção, escravidão e o sistema de justiça durante o Império Romano

Por Marília Monitchele Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jan 2025, 22h20 - Publicado em 30 jan 2025, 11h00

Pesquisadores decifraram um pergaminho de 1.900 anos que relata um tenso caso judicial ocorrido durante a ocupação romana em Israel. A descoberta traz novas evidências sobre os processos criminais da época e responde a uma antiga questão sobre a posse de escravos na região.Tudo começou em 2014, quando um pesquisador organizava arquivos no depósito da Unidade de Manuscritos do Mar Morto, da Autoridade de Antiguidades de Israel, e fez uma descoberta surpreendente: um pergaminho de quase dois milênios, que ficara escondido por séculos nas cavernas do deserto da Judeia. O documento, que descobriu-se ser o maior papiro grego já encontrado na região, continha nada menos que 133 linhas detalhando um caso judicial da época da ocupação romana em Israel.

A princípio, o papiro fora identificado erroneamente como um texto em nabateu, um antigo dialeto árabe. Mas a pesquisadora Hannah Cotton, especialista em papirologia da Universidade Hebraica de Jerusalém, percebeu que o texto, na verdade, estava em grego. “Quando vi que estava marcado como ‘nabateu’, exclamei: ‘Isso é grego para mim!'”, contou Cotton, em um comunicado divulgado à imprensa.

Nos anos seguintes, ela reuniu uma equipe de especialistas para decifrar o documento, que acabou se revelando uma peça fundamental para a compreensão do sistema jurídico romano na província da Judeia. Os resultados da pesquisa foram publicados recentemente na revista científica Tyche, especializada em papirologia e epigrafia.

O que tinha no papiro?

O processo descreve um caso de fraude cometido por dois homens, Gadalias e Saulos, que forjaram documentos relacionados à venda e libertação de escravos para evitar pagar impostos ao Império Romano. O crime, considerado grave, poderia resultar em punições severas, como trabalhos forçados ou até mesmo a pena de morte. “Este é o caso judicial romano mais bem documentado da Judeia, além do julgamento de Jesus”, destacou Avner Ecker, epigrafista e coautor do estudo, em nota.

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O documento sugere que as anotações foram feitas por um promotor se preparando para apresentar o caso diante das autoridades romanas, durante o reinado do imperador Adriano (117-138 d.C.). O julgamento teria ocorrido pouco antes da Revolta de Bar Kokhba, em 132 d.C., quando os judeus se rebelaram contra o domínio de Roma.

Além dos detalhes legais, o papiro oferece uma resposta a um debate histórico sobre a escravidão na Judeia Antiga. Isso porque o texto menciona que a família de Saulos possuía escravos, um indício de que judeus da época poderiam, sim, ser donos de cativos, ao contrário do que se supôs por muito tempo. No entanto, não está claro se esses escravizados também eram judeus.

Mistérios sem resposta

Apesar da importância da descoberta, o papiro não traz uma resolução definitiva para o caso. Como partes do texto se perderam ao longo dos séculos, os pesquisadores não conseguiram identificar onde exatamente o julgamento ocorreu, onde os réus moravam ou se eram considerados cidadãos do Império romano.

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A Revolta de Bar Kokhba pode ter sido o motivo pelo qual o documento foi descartado às pressas, junto com outros manuscritos encontrados no deserto da Judeia. O pergaminho permaneceu escondido por quase dois mil anos.

Agora, com a nova tradução, ele se junta ao conjunto de evidências que ajudam a reconstruir o passado da Judeia sob domínio romano, revelando novos aspectos sobre a justiça, a corrupção e os conflitos sociais de uma era distante.

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