Os sons mais desagradáveis para o ouvido humano
Pesquisadores de Newcastle mediram a tolerância de 13 voluntários a mais de 70 sons. Eles compararam a avaliação com imagens de ressonância magnética e descobriram o que acontece quando ouvimos o ruído de uma faca em atrito com uma garrafa de vidro
Uma equipe de cientistas da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, identificou os sons mais insuportáveis para o ouvido humano. Os pesquisadores testaram 13 voluntários que ouviram 74 diferentes sons para classificá-los de 1 (menos desagradável) a 5 (mais desagradável). Os cinco ruídos considerados os mais repulsivos foram: faca arranhando uma garrafa; garfo contra um copo; giz em atrito com uma lousa; régua raspando numa garrafa; e, por fim, unhas em atrito com uma lousa.
Faca arranhando uma garrafa
Garfo em atrito com um copo
Giz em atrito com uma lousa
Régua raspando em uma garrafa
Unhas em atrito com uma lousa
O objetivo do teste, conforme explica o autor do estudo publicado na semana passada no The Journal of Neuroscience, doutor Sukhbinder Kumar, é tentar entender por que esses sons causam sensações tão repulsivas. Para tanto, foram coletadas imagens de ressonância magnética dos cérebros dos voluntários enquanto eles ouviam os sons.
As ressonâncias mostraram que, quando escutamos um ruído desagradável, a amídala cerebral, responsável por processar emoções, é ativada. Ela ajusta o funcionamento do córtex auditivo, a parte do nosso cérebro que processa sons, e aumenta a sua percepção. A atividade da amídala e do córtex auditivo, nas imagens, variou numa relação direta com a classificação dos sons, entre mais e menos desagradáveis. “É possivelmente um sinal de aflição que a amídala envia ao córtex auditivo”, afirmou o doutor Kumar ao site da universidade de Newcastle.
Frequência – Kumar disse também que qualquer som entre 2.000 e 5.000 Hz foi considerado desagradável. “É nesta frequência que ocorrem sons de gritos que nos parecem particularmente desagradáveis”, diz Kumar. Ele explica, no entanto, que ainda não se sabe ao certo por que nossos ouvidos são mais sensíveis a essa frequência.
Os pesquisadores acreditam que um melhor entendimento das reações que os sons causam no cérebro pode ajudar a compreender distúrbios como hiperacusia (hipersensibilidade auditiva) e autismo, marcados por baixa tolerância a sons.