O curioso caso de crocodilo fêmea que engravidou virgem
Réptil não teve contato com machos por 16 anos
Quase todos os animais precisam da mistura do material genético de um macho e de uma fêmea para dar origem à sua prole, um processo essencial para a evolução. Algumas espécies, contudo, têm a capacidade de se reproduzir sem a necessidade do gameta masculino e, pela primeira vez, cientistas mostraram que crocodilos podem fazer parte desse grupo.
Em janeiro de 2018, funcionários de um zoológico na Costa Rica descobriram um ninho com 14 ovos no recinto de um desses animais. Isso chamou atenção porque a fêmea do crocodilo americano, conhecido cientificamente como Crocodylus acutus, já estava em cativeiro há 16 anos, sem contato com um macho.
Os ovos não eclodiram, mas cientistas analisaram o conteúdo da ninhada e viram que um deles continha um feto inteiramente formado. Análises laboratoriais mostraram que a prole tinha o material genético 99,9% idêntico ao da mãe, o que prova que ela conseguiu se reproduzir sem ter contato com um macho. O artigo que descreve a descoberta foi publicado no periódico científico Biology Letters.
Esse fenômeno através do qual o animal consegue se reproduzir tanto sexuadamente quanto de maneira individual é chamado de partenogênese facultativa e é raro na natureza. A ocorrência geralmente é estimulada por situações estressantes, condições desfavoráveis ou falta de parceiros sexuais.
O feito já foi observado em espécies de pássaros, peixes e cobras, mas nunca em crocodilos. Esse não é o primeiro caso registrado em répteis. Em 2019, cientistas confirmaram a ocorrência em um dragão-d’água-chinês, uma espécie de lagarto que estava confinado no Zoológico Nacional Smithsonian, em Washington, nos Estados Unidos.
De acordo com os pesquisadores, o número crescente de descobertas se deve à evolução científica e tecnológica e chama atenção pois sugere que antepassados desses animais, como os dinossauros, podem ter sido capazes de se reproduzir sem a necessidade de parceiros sexuais.