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O novo planeta descoberto que desafia os astrônomos

O exoplaneta Enaiposha, ou GJ 1214 b, orbitando uma estrela anã vermelha a cerca de 47 anos-luz da Terra, mostrou-se diferente de tudo que já vimos

Por Marília Monitchele Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 jan 2025, 19h48 - Publicado em 27 jan 2025, 08h28

Um objeto inicialmente classificado como um exemplo típico de planeta revelou ser algo totalmente inédito. O exoplaneta Enaiposha, ou GJ 1214 b, orbitando uma estrela anã vermelha a cerca de 47 anos-luz da Terra, mostrou-se diferente de tudo que já vimos. Observações detalhadas com o telescópio James Webb (JWST) indicam que, em vez de ser um “mini-Netuno”, como antes se pensava, Enaiposha se assemelha a um Vênus ampliado, inaugurando uma nova categoria de planetas: os “super-Vênus”.

Um exoplaneta único no céu

Enaiposha foi descoberto em 2009 e rapidamente chamou atenção devido às suas características incomuns. Com um raio 2,7 vezes maior e massa 8,2 vezes superior à da Terra, o planeta se encontra entre as categorias de “super-Terras” e “mini-Netunos”. Esses dois tipos de planetas são comuns entre os mais de 5.800 exoplanetas confirmados até hoje, mas nenhum deles tem equivalente direto no Sistema Solar.

Os mini-Netunos, por exemplo, possuem atmosferas densas compostas principalmente de hidrogênio e hélio, enquanto as super-Terras são mundos rochosos maiores que o nosso planeta, muitas vezes com atmosferas mais finas. Ambas as categorias intrigam os cientistas porque podem, sob condições específicas, oferecer ambientes habitáveis. Enaiposha, no entanto, se desvia dessa categorização e oferece um novo enigma.

Apesar de estar muito próximo de sua estrela hospedeira, Orkaria, que o torna quente demais para abrigar vida, Enaiposha é um alvo fascinante por sua proximidade relativa com a Terra. Estudos anteriores mostraram que o planeta possui uma atmosfera espessa, mas sua composição exata permaneceu misteriosa por anos devido à dificuldade de observação.

Em 2023, uma análise combinada do JWST e do telescópio Hubble revelou que a atmosfera de Enaiposha pode conter água e metais vaporizados. Agora, novos estudos, liderados pelos astrônomos da Universidade do Arizona e do Observatório Astronômico Nacional do Japão, indicam algo ainda mais intrigante: a presença de dióxido de carbono em concentrações comparáveis às de Vênus, onde o CO₂ compõe 96% da atmosfera.

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A descoberta do “super-Vênus”

Os pesquisadores analisaram dados de trânsito — momentos em que Enaiposha passa em frente à sua estrela — e detectaram alterações na luz estelar causadas pelo dióxido de carbono. Embora o sinal fosse fraco, ele foi confirmado por análises estatísticas rigorosas e modelos teóricos. A atmosfera parece ser composta por metais nas camadas mais baixas e uma névoa densa rica em CO₂ e aerossóis nas altitudes superiores.

Essa composição é muito diferente daquela das atmosferas ricas em hidrogênio esperadas para planetas dessa classe. O cenário mais bem alinhado às observações sugere que Enaiposha é um mundo quente e sufocado por carbono — características que o tornam semelhante a Vênus, mas em uma escala muito maior.

Apesar dos avanços, muitas perguntas permanecem sem resposta. O sinal de CO₂ detectado é tão sutil que estudos futuros com instrumentos ainda mais precisos serão necessários para confirmar essas conclusões. Além disso, entender como um planeta com essas características se formou e evoluiu desafia os modelos convencionais de estrutura interna e evolução planetária.

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“Ressaltamos a importância de observações de alta precisão para confirmar a atmosfera dominada por metais”, escrevem os pesquisadores. “Isso desafia a compreensão atual sobre sub-Netunos e oferece uma nova perspectiva sobre os tipos de planetas que existem em nossa galáxia.”

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