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Mulheres são mais aptas para viagens espaciais, sugerem dados da Nasa

Grupo de estudos publicados na Nature revelam os impactos dessas missões no corpo humano

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 jun 2024, 17h49 - Publicado em 13 jun 2024, 17h33

À medida que viagens espaciais passam a ficar mais acessíveis e frequentes, entender os impactos desse tipo de experiência na saúde humana se torna essencial. Em um grupo de artigos publicados nesta semana, pesquisadores reúnem dados de diversas missões para uma melhor compreensão dessas consequências – e elas sugerem que, no futuro, as mulheres podem ser mais aptas a essas viagens do que os homens. 

Essa foi a interpretação de um desses artigos, publicado na Nature Communications. Nele, os pesquisadores avaliaram os efeitos das viagens no sistema imunológico e viram que as variações de expressão genética – a maneira como o DNA se traduz em moléculas que geram efeito no corpo – volta aos parâmetros normais mais rápido nas mulheres do que nos homens. 

O que esse estudo mostrou?

A análise revelou que as viagens espaciais causam diversas alterações na expressão genética e na forma do DNA, em especial nos monócitos, precursores dos macrófagos, células que são as primeiras a agir contra patógenos e corpos estranhos. A maioria desses impactos é reversível, mas, de acordo com as análises, eles são mais intensos nos homens e, nesse grupo, demoram mais para voltar à normalidade após o retorno à Terra. 

Para os autores, embora esse parâmetro não tenha sido analisado, a capacidade do corpo feminino em se adaptar às mudanças provocadas pela gravidez provavelmente explica essa maior resiliência das mulheres aos desafios das viagens espaciais. “Ser capaz de tolerar grandes mudanças na fisiologia e na dinâmica dos fluidos pode ser ótimo para controlar a gravidez, mas também para gerenciar o estresse do voo espacial” disse o autor Christopher Mason ao britânico The Guardian.

Os pesquisadores ainda viram que marcadores relacionados a inflamação e coagulação sanguínea, também se alteram de maneira diferente entre homens e mulheres, sugerindo que gêneros diferentes devem ser avaliados para parâmetros diferentes de saúde durante jornadas espaciais. 

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O que mais os dados revelaram?

Todos os dados coletados deram origem ao maior banco de informações, chamado Soma, acrônimo para Atlas Médico e Ômico do Espaço, em inglês. Entre os integrantes, estão, desde de uma missão exclusivamente civil e de curto período, até missões que duraram de 6 meses a um ano na Estação Espacial Internacional. 

A principal conclusão foi que, embora mudanças moleculares, celulares e fisiológicas tenham sido observadas até nas missões mais curtas, cerca de 95% das alterações retornaram ao normal dentro de semanas após o retorno. Algumas delas, no entanto, permaneceram fora dos padrões por pelo menos três meses, sugerindo a necessidade de uma melhor compreensão a respeito desses impactos. 

Em que contexto essa descoberta ocorre?

Embora as missões nunca tenham arrefecido desde o início da corrida espacial, em meados do século XX, só agora os países voltaram a se interessar por explorações mais intensas. Enquanto o recente teste bem-sucedido do Starship aumenta as promessas de viagens mais longas, potências como a China e os Estados Unidos prometem levar humanos de volta a Lua até o final desta década, com ambições, inclusive, para o estabelecimento de bases permanentes de exploração. 

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