Morte de estrela forma ‘ampulheta espacial’; veja fotos capturadas pelo James Webb
Nebulosa NGC 1514 está em formação há pelo menos quatro mil anos e astrônomos de 1700 já a estudavam

O telescópio espacial James Webb visualizou com nitidez o gás e poeira de uma estrela que está morrendo no centro da nebulosa NGC 1514. Os anéis em volta do astro formam um padrão que se assemelha a uma ampulheta ou um diagrama de Venn. Pela primeira vez, a observação do material em torno da estrela foi visto com clareza, em virtude da detecção infravermelha, o MIRI, equipamento de luz infravermelha média.
“Não conseguíamos detectar a maior parte desse material antes do Webb, muito menos observá-lo com tanta clareza”, explica Mike Ressler, pesquisador do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, em artigo publicado pela agência espacial. “Com os dados do MIRI, agora podemos examinar de forma abrangente a natureza turbulenta desta nebulosa.”

A NGC 1514 faz parte da constelação de Touro e está a 1.500 anos-luz da Terra. A cena está em formação há pelo menos quatro mil anos, e continuará por milênios, segundo a Nasa. Astrônomos do século 18 já observam a nebulosa: em 1790, William Herschel observou que a formação era o primeiro objeto fora do Sistema Solar com uma aparência enevoada, e não soube identificar as estrelas individuais em meio ao conjunto de astros.
No centro da nebulosa, existem duas estrelas, apesar de parecer única nas imagens. Uma delas é maior que o Sol do Sistema Solar e foi a principal responsável na formação da cena: “À medida que o corpo celeste evoluía, ele inflou, lançando camadas de gás e poeira em um vento estelar muito lento e denso”, explica David Jones, cientista sênior do Instituto de Astrofísica das Ilhas Canárias, na Espanha, no artigo.
Formato de ampulheta
Inclinada em um ângulo de 60º, a NGC 1514 tem uma “cintura” em seu canto superior e inferior. A poeira é alaranjada nas quinas que formam um “V” no encontro das elipses. As nuvens alaranjadas entre as elipses também indicam a tridimensionalidade da nebulosa.
Segundo Jones, “quando esta estrela estava no seu auge, a companheira pode ter chegado muito perto de si, levando à formação desses anéis que vemos. A interação pode levar a formas inesperadas. Em vez de produzir uma esfera, a interação pode ter formado esses anéis”.