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Missão da Agência Espacial Europeia vai estudar asteroide Apophis

Dados podem ajudar a informar eventual missão para desviar ou destruir um objeto do tipo que ameace colidir com nosso planeta

Por Or Graur*, para The Conversation
18 nov 2024, 16h38

A Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) deu sinal verde para os trabalhos iniciais de uma missão para visitar um asteroide designado (99942) Apophis. Se for aprovada em uma importante reunião no ano que vem, a sonda robótica, conhecida como Rapid Apophis Mission for Space Safety (Ramses), se encontrará com o asteroide em fevereiro de 2029.

O Apophis tem 340 metros de diâmetro, aproximadamente a mesma altura do edifício Empire State em Nova York. Se atingisse a Terra, causaria destruição em massa a centenas de quilômetros do local do impacto. A energia liberada seria igual à de dezenas ou centenas de armas nucleares, dependendo do rendimento das bombas.

Felizmente, o Apophis não atingirá a Terra em 2029. Ele passará por nosso planeta a uma distância segura de 31.860 quilômetros, cerca de 1/12 da distância da Terra à Lua. Mas essa é uma passagem muito próxima para um objeto tão grande, e o Apophis será visível a olho nu.

A Nasa e a ESA esperam aproveitar essa rara oportunidade para enviar naves robóticas para se encontrar com o Apophis e aprender mais sobre ele. Suas missões podem ajudar a informar os esforços para desviar um asteroide que ameace colidir com a Terra, caso isso seja necessário no futuro.

A ameaça dos asteroides

Há cerca de 66 milhões de anos, um asteroide do tamanho de uma pequena cidade atingiu a Terra. O impacto desse asteroide provocou um evento de extinção global em massa que exterminou os dinossauros.

A Terra está em constante perigo de ser atingida por asteroides, remanescentes da formação do Sistema Solar há 4,5 bilhões de anos. Localizados em grande parte no cinturão de entre Marte e Júpiter, os asteroides têm muitas formas e tamanhos. A maioria é pequena, com apenas 10 metros de diâmetro ou menos, mas os maiores têm centenas de quilômetros de diâmetro, maiores do que o asteroide que matou os dinossauros.

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O cinturão de asteroides tem de 1 milhão a 2 milhões de asteroides maiores que um quilômetro de diâmetro e milhões de outros objetos menores. Essas rochas espaciais sentem a atração gravitacional umas das outras, bem como a atração gravitacional de Júpiter de um lado e dos planetas internos do Sistema Solar do outro.

Devido a esse cabo de guerra gravitacional, de vez em quando um asteroide é “puxado” para fora de sua órbita e se precipita em direção ao Sistema Solar interior. Cerca 35 mil desses “objetos próximos à Terra” (Neos) já foram identificados. Desses, 2,3 mil “objetos potencialmente perigosos” (PHOs) têm órbitas que cruzam a da Terra e são grandes o suficiente para representar uma ameaça real à nossa sobrevivência.

Em busca de asteroides perigosos

Durante o século XX, os astrônomos conduziram várias pesquisas, como a Atlas, para detectar e estudar asteroides perigosos. Mas a detecção não é suficiente; temos de encontrar uma maneira de defender a Terra contra o impacto de um asteroide.

Explodir um asteroide, como retratado no filme Armageddon, não adianta. O asteroide seria quebrado em fragmentos menores, que continuariam a se mover praticamente na mesma direção. Em vez de ser atingida por um asteroide grande, a Terra seria atingida por um enxame de objetos menores.

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A solução preferida é desviar o asteroide que se aproxima da Terra para que ele passe inofensivamente pelo planeta. Para isso, precisaríamos aplicar uma força externa ao asteroide para empurrá-lo para longe. Uma ideia popular é disparar um projétil contra o asteroide. A Nasa fez isso em 2022, quando uma espaçonave chamada Dart colidiu com um asteroide. Antes de fazermos isso por necessidade, precisamos entender como os diferentes tipos de asteroides reagiriam a esse impacto.

Apophis, Ramses e Osiris-Apex

O Apophis foi descoberto em 2004. O asteroide passou pela Terra em 21 de dezembro de 2004 a uma distância de 14 milhões de quilômetros. Ele retornou em 2021 e passará pelas proximidades da Terra novamente em 2029, 2036 e 2068.

Até recentemente, acreditava-se haver uma pequena chance de que o Apophis pudesse colidir com a Terra em 2068. Entretanto, durante a aproximação do Apophis em 2021, os astrônomos usaram observações de radar para refinar seu conhecimento da órbita do asteroide. Essas observações mostraram que o Apophis não atingirá nosso planeta nos próximos 100 anos.

A missão Ramses se encontrará com o Apophis em fevereiro de 2029, dois meses antes de sua maior aproximação da Terra, na sexta-feira, 13 de abril. Em seguida, a sonda acompanhará o asteroide em sua aproximação da Terra. O objetivo é saber como a órbita, a rotação e a forma do Apophis mudarão quando ele passar tão perto do campo gravitacional da Terra.

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Em 2016, a Nasa lançou a missão “Origins, Spectral Interpretation, Resource Identification, and Security – Regolith Explorer” (Osiris-Rex) para estudar o asteroide Bennu. Ela interceptou Bennu em 2020 para coletar amostras de rocha e solo de sua superfície e despachou estas amostras em uma cápsula que chegou à Terra em 2023.

A Osiris-Rex, no entanto, ainda está lá fora no espaço, então a Nasa a rebatizou de “Origins, Spectral Interpretation, Resource Identification and Security – Apophis Explorer” (Osiris-Apex) e a designou para estudar o asteroide Apophis. A missão Osiris-Apex alcançará o asteroide logo após seu encontro próximo em 2029. Em seguida, voará baixo sobre a superfície do Apophis e acionará seus motores, perturbando as rochas e a poeira que cobrem o asteroide para revelar a camada subjacente.

Uma passagem próxima de um asteroide tão grande quanto o Apophis ocorre apenas uma vez a cada 5 mil a 10 mil anos. A chegada do Apophis em 2029 representa uma rara oportunidade de estudar esse asteroide de perto e ver como ele é afetado pela atração gravitacional da Terra. As informações obtidas moldarão a maneira como escolheremos proteger a Terra no futuro de um asteroide realmente mortal.

Mitologia do Egito Antigo

Quando as missões Ramses e Osíris-Apex se encontrarem com Apophis em 2029, eles reencenarão inadvertidamente um componente central da cosmologia egípcia antiga. Para os antigos egípcios, o Sol era personificado por vários deuses poderosos, sendo o principal deles . O pôr do Sol à noite era interpretado como a morte de Rá e sua entrada no mundo subterrâneo.

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Durante sua jornada noturna pelo mundo inferior, Rá foi ameaçado pela grande serpente Apófis, que personificava os poderes da escuridão e da dissolução. Somente depois que Apófis fosse derrotada, Rá poderia ser revitalizado por Osíris, o rei do mundo inferior. Rá poderia, então, renascer no leste, elevando-se no céu mais uma vez.

Os murais de tumbas, caixões e papiros funerários retratam Apófis como uma grande serpente enrolada que ameaça Rá enquanto ele navega em sua barca solar (barco a vela). Mas Apófis é sempre derrotada, com seu corpo perfurado por uma lança ou rasgado por facas.

Embora o asteroide Apophis não represente perigo em um futuro próximo, as missões Ramses (nomeado em homenagem aos faraós de mesmo nome, que significava “nascido de Rá”) e Osíris-Apex o estudarão para que um dia saibamos como derrotá-lo – ou qualquer um de seus irmãos distantes.

Or Graur, Professor assistente de Astrofísica, University of Portsmouth

 

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