Ingredientes para formar a vida na Terra podem ter vindo do espaço
Hipótese foi reforçada pelo estudo de um asteroide próximo ao planeta, que continha elemento necessário para a formação de RNA, forma mais simples de DNA
A origem da vida, pelo menos em termos científicos, ainda é um tema que intriga cientistas. A teoria aceita por mais tempo surgiu em 1920 e propõe que os primeiros seres vivos nasceram de uma sopa primordial cheia de moléculas orgânicas que foram ficando cada vez mais complexas em um período em que a atmosfera terrestre era particularmente caótica. Um estudo publicado recentemente sugere que esses ingredientes podem ter vindo do espaço.
A hipótese surgiu da investigação do asteroide Ryugu. Em dezembro de 2014, a espaçonave japonesa Hayabusa2 viajou 300 milhões de quilômetros no espaço rumo ao corpo rochoso. O veículo retornou 5 anos depois com algumas gramas de amostra para serem estudadas. Ao analisar esses exemplares, cientistas descobriram que a rocha viajante contém, entre outros elementos orgânicos, Uracila e Niacina.
Uracila é um dos ingredientes necessários para construir RNA, uma forma mais simples do DNA e que pode ter sido o primeiro material genético a ser formado na sopa primordial. A Niacina, também conhecida como vitamina B3, é uma molécula necessária em diversos processos metabólicos, inclusive na aquisição de energia.
A descoberta foi feita utilizando uma técnica chamada espectrometria de massa de alta resolução. Com este método, é possível saber, através da luz, que componentes estão presentes em uma amostra.
A teoria de que as moléculas essenciais para a vida vieram de fora não é nova. Estudos de meteoritos encontrados na Terra já mostraram que eles contêm esses blocos de construção, mas especialistas questionam se esses corpos não poderiam ter sido contaminados depois que tocaram o solo. As novas evidências comprovam a existência desses elementos em ambiente extraterrestre e abrem espaço, não só para novas teorias a respeito do surgimento dos primeiros microrganismos, como para a possibilidade da existência deles em outros locais do universo.