Fósseis inéditos são evidência de aves mais antigas do Hemisfério Sul
Estudo indica que as primeiras aves chegaram aos ambientes polares meridionais há 120 milhões de anos
A migração de aves para o hemisfério sul é um tema que desafia os pesquisadores. Isso porque, os fósseis de aves do cretáceo costumam ser abundantes e diversos no norte, mas começam a escassear quando cruzamos a linha do equador, adentrando nas regiões de massa terrestre que costumavam compor Gondwana, continente que se formou na primeira divisão da Pangeia e originou posteriormente os países do sul global. Essa ausência de vestígios cria um lapso de conhecimento e torna os raros fósseis encontrados extremamente preciosos.
Agora, pesquisadores da Universidade de Emory, nos Estados Unidos, relatam a descoberta de uma série de pegadas de pássaros do Cretáceo Inferior em Wonthaggi, Austrália. Foram encontradas 27 pegadas individuais, com características que remetem a aves que podem ter vivido há até 129 milhões de anos. Com diversos formatos e tamanhos, as pegadas sinalizam a existência de uma variedade de espécies, incluindo algumas das maiores do período cretáceo. A região onde as pegadas foram encontradas indicam que os animais podem ter feito visitas sazonais, possivelmente como parte de algum tipo de rota migratória.
“Esperamos que a nossa descoberta de vestígios fósseis inspire outros investigadores a procurar e encontrar mais registros de aves do Cretáceo Inferior em outros locais do Hemisfério Sul.”, disseram os autores. As pegadas já representam uma das mais antigas evidências da presença de aves no antigo supercontinente de Gondwana, sendo capazes de ampliar a compreensão que temos sobre como as aves se dispersaram pelos continentes e biomas há milhões de anos. A busca por fósseis de pássaros no sul global busca responder o quão abundantes essas espécies costumavam ser nos primeiros estágios de vida na Terra.