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Fêmeas podem virar maioria entre tartarugas marinhas

Estudo indica que o aumento das temperaturas influencia o sexo dos filhotes, fazendo crescer o número de fêmeas, e provoca a mortalidade dos ovos

Por Da redação
Atualizado em 4 jun 2024, 20h50 - Publicado em 22 jun 2017, 11h15

A população de fêmeas entre as tartarugas marinhas pode crescer desproporcionalmente se as temperaturas continuarem aumentando por causa do aquecimento global, aponta um estudo publicado na última sexta-feira no periódico Global Change Biology. Com um número muito inferior de machos, a espécie teria sua reprodução prejudicada. Além disso, se as temperaturas aumentassem demais, os ovos, que precisam de um ambiente entre 25ºC a 35ºC para se desenvolver, acabariam morrendo, levando a espécie à extinção em algumas partes do planeta.

A temperatura na qual os embriões das tartarugas marinhas ficam incubados influenciam diretamente no sexo dos indivíduos, uma característica conhecida como Determinação Sexual Dependente da Temperatura (TSD, na sigla em inglês). Para que machos e fêmeas sejam produzidos em iguais proporções, a temperatura ideal gira em torno dos 29ºC – acima dessa marca, o número de fêmeas começa a superar o de machos e, abaixo dela, o número de machos ultrapassa o de fêmeas. Segundo as conclusões do estudo, isso significa que, considerando um contexto em que as temperaturas tendem a subir com o aquecimento global, o futuro da população de tartarugas marinhas pode apresentar um desequilíbrio na proporção dos sexos, pendendo para uma maioria feminina.

Embora os cientistas admitam que machos podem copular com mais de uma fêmea, a reprodução da espécie pode ser ameaçada se a população de machos for muito inferior. Além disso, a mortalidade dos ovos também aumenta com temperaturas elevadas.  “Acima de uma temperatura crítica, a taxa de crescimento natural da população cai, por causa do aumento da mortalidade nos ninhos. As temperaturas são altas demais e os embriões em desenvolvimento não conseguem sobreviver”, afirma em comunicado o biólogo Jacques-Olivier Laloë, da Universidade Deakin, na Austrália.

Os cientistas acompanharam durante seis anos a evolução da temperatura da areia em um dos principais locais de deposição de ovos de tartaruga no planeta, em Cabo Verde, no continente africano. Eles também registraram as taxas de sobrevivência de 3.000 ninhos para estudar a relação entre as temperaturas de incubação e as chances de sucesso dos embriões. Usando projeções climáticas locais, os pesquisadores fizeram previsões para estimar como o número de tartarugas mudaria ao longo do século XXI naquele sítio.

Os resultados apontam que o número de ninhos deve aumentar em 30% até 2100, mas se as temperaturas continuarem aumentando no mesmo ritmo, pode começar a cair logo em seguida. “Recentemente, em lugares como a Flórida – outro importante sítio de incubação – cada vez mais ninhos de tartarugas apresentam menos índices de sobrevivência do que no passado”, disse Laloë.

“Se for necessário, medidas de conservação poderiam ser adotadas ao redor do mundo para proteger os ovos. Essas medidas envolvem criar sombras artificiais para os ninhos de tartarugas ou mover os ovos a uma incubadora protegida e com temperaturas controladas.”

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