Equipe conclui restauração do túmulo de Jesus em Jerusalém
Local na Basília do Santo Sepulcro onde, segundo a tradição cristã, teria sido colocado o corpo de Jesus foi aberto pela primeira vez em cinco séculos
A equipe de restauração do túmulo onde, segundo a tradição cristã, teria sido sepultado Jesus Cristo anunciou que concluiu as obras no local sagrado e que os resultados serão apresentados nesta quarta-feira. A estrutura, localizada dentro da Basílica do Santo Sepulcro em Jerusalém, estava em processo de reparos e sendo estudada desde outubro de 2016.
“Agora é possível ver a cor, a textura, as inscrições e os afrescos”, disse Antonia Moropoulou, professora de Engenharia da Universidade Técnica Nacional de Atenas e coordenadora do projeto. Essa foi a primeira vez que a tumba foi aberta desde 1555.
Santo Sepulcro
O lugar onde Jesus foi sepultado, de acordo com a fé cristã, estava coberto por uma edícula com placas de mármore há 461 anos, por isso não era possível ver o interior do túmulo. Para restaurar o local, o grupo de trabalho retirou as camadas de pedra, entulho e mármore de forma a ter acesso a caverna de pedra onde o corpo de Jesus teria sido colocado após a crucificação.
As obras foram, principalmente, na pequena estrutura acima do local de sepultamento. Entre as ações, lajes danificadas foram substituídas, fissuras foram cobertas com cola e os suportes foram reforçados. Com a reforma, foi possível retirar todos os andaimes colocados pelos britânicos em 1947, para evitar o colapso da estrutura.
Além disso, a água e os resíduos subterrâneos acumulados nos alicerces que estavam deteriorando a estrutura da edícula foram drenados, um trabalho que teria que continuar para evitar uma deterioração no futuro. Segundo Antonia, a estrutura precisa de reforços e conservação, incluindo a instalação de uma rede subterrânea de drenagem para água da chuva e esgoto. A professora já entregou o projeto de “estabilização de alicerces” aos três Custódios do Santo Sepulcro – o greco-ortodoxo, o armênio apostólico e o católico romano – no mês passado e os grupos ainda o estão estudando.
O templo do Santo Sepulcro esteve aberto durante todo o processo de restauração e só foi fechado ao público por 36 horas, quando foi retirada a lápide que cobria a tumba original de Jesus Cristo, um feito que não acontecia há cinco séculos.
Segredos do túmulo de Jesus
A edícula onde fica o túmulo de Jesus é considerada um dos locais mais sagrados pelos cristãos do mundo todo. O lugar foi identificado pela mãe do imperador romano Constantino, Helena, em 326 d.C., que mandou construir a Basílica do Santo Sepulcro ao seu redor. Durante a restauração, os arqueólogos encontraram a cama funerária onde o corpo teria sido colocado intacta. Também foi implantada, no alto da cúpula, uma cruz greco-ortodoxa, que não estava antes da reforma. Segundo Eugenio Alliata, franciscano e arqueólogo, ela poderia pertencer ao projeto original da estrutura.
Restauração da tumba
A reforma teve um orçamento inicial de três milhões de euros. No entanto, a equipe restauradora contou com um financiamento total de seis milhões. 80% dos fundos vieram de doações vindas do exterior, declarou à Agência Efe Bonnie Burnham, ex-presidente do Fundo de Monumentos Mundiais (WMF, na sigla em inglês). De acordo com a Reuters, cada ramificação contribuiu com 3,3 milhões de dólares para o projeto e o rei Abdullah, da Jordânia, também teria feito uma doação pessoal.
As ramificações cristãs que compartilham tutela da igreja – grega ortodoxa, armênia e católica romana – não chegavam a um consenso sobre a necessidade de realizar reparos no local, nem sobre como seria feita essa reforma e seu financiamento. O que atrasou o início dos reparos em duzentos anos. A restauração só começou no ano passado após a igreja ser considerada insegura por autoridades israelenses. Antonia espera que esta reforma inaugure uma “nova era para a Terra Santa, uma era de comunicação”. Ela ainda se disse satisfeita com o trabalho e pede agora à comunidade cristã “que o mantenha” .
Confira as imagens do Santo Sepulcro após as reformas:
(Com EFE e Reuters)