Eclipse solar com anel de fogo acontecerá no Brasil, saiba como assistir
O fenômeno terá visão privilegiada nas regiões Norte e Nordeste, mas observação exige cuidados
No dia 14 de outubro, sábado, haverá um eclipse solar anular – e ele poderá ser visto perfeitamente a partir de alguns estados do Norte e do Nordeste. Trata-se do alinhamento da Lua entre a Terra e o Sol, com o desenho de um “anel de fogo” ao redor. Apesar do fascínio que esses fenômenos astronômicos causam, é preciso algum cuidado ao observá-los, já que podem causar prejuízos à visão. A boa notícia é que, graças à magia da tecnologia, um fenômeno que costuma durar não mais que quatro minutos, a depender de onde você estiver olhando, poderá ser observado por horas a fio.
Tanto no eclipse total quanto no anular a Lua se alinha entre a Terra e o Sol, bloqueando toda ou a maior parte da luz solar em uma parte da superfície da Terra. “O Sol é muito maior que a Lua e está muito mais longe, mas a geometria age de forma tal que o tamanho que a Lua fica no céu é quase exatamente o mesmo que o tamanho do Sol”, explica Josina Nascimento, astrônoma do Observatório Nacional/MCTI. A pesquisadora salienta que o evento não é constante, mas isso não significa que ele seja raro. “Ele parece raro, porque o que a gente vê é a sombra da Lua que passa pela Terra, e essa sombra é pequena. Isso faz com que só seja possível ver esse evento em uma estreita faixa.” O último eclipse anular do Sol ocorreu em junho de 2021, mas não foi visível do Brasil.
Desta vez, no entanto, o país será um dos privilegiados, com vista especial nas regiões norte e nordeste. A faixa de anularidade, ou seja, os pontos onde o eclipse pode ser observado com seu “anel de fogo”, passará por Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Tocantins, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. No restante do território, será observável o eclipse parcial, sem sua charmosa moldura de fogo, mas igualmente belo. Para saber se o eclipse será visível da sua região, acesse o serviço Time and Date (em inglês). No site, é possível ver a trajetória do eclipse incluindo a faixa de anularidade e a região da parcialidade.
Apesar da curiosidade que o fenômeno pode despertar, é preciso alguns cuidados na hora da observação. Em hipótese alguma se deve olhar diretamente para o sol, nem mesmo com o uso de películas de raio-x, óculos escuros ou outro material caseiro. A exposição, mesmo de poucos segundos, danifica a retina de modo irreversível. Há, porém, duas formas de se observar o eclipse com segurança: direta ou indiretamente.
A observação direta é aquela feita sem o uso de projeções, e pode ser feita com o uso de um instrumento especialmente adaptado para esse fim. Assim, o ideal é que se use filtros para a observação. É importante o uso de filtros adequados e, mesmo assim, a observação não deve se estender por mais do que alguns segundos. A melhor opção é o filtro de soldador número 14 ou maior (ISO 12312-2).
A observação feita com o auxílio de instrumentos ópticos, como binóculo ou telescópio, só é permitida sob orientação de astrônomos experientes, que poderão instruir quanto ao filtro correto para esse tipo de análise. Portanto, não é indicada a utilização de nenhum instrumento que não tenha sido preparado por profissionais.
Para aqueles que não desejam se arriscar, o Observatório Nacional, em uma ação integrada com o Time and Date e a NASA, transmitirá o eclipse ao vivo em seu canal do YouTube, desde seu início, na costa leste dos Estados Unidos, às 11:30h da manhã (horário de Brasília), até o seu final, já em território brasileiro, por volta das 17:30h. Dessa forma, mesmo que as condições climáticas no local sejam desfavoráveis ou que não haja óculos adequados, será possível observar o eclipse em sua plenitude.
Pelo canal também será possível acompanhar a transmissão de eventos astronômicos futuros, como chuvas de meteoros, alinhamento de planetas e, claro, os eclipses lunares e solares que devem acontecer nos próximos meses e anos. “Nós amamos dividir esses fenômenos com o público. Eu sempre digo que os fenômenos celestiais têm o poder de unir as pessoas”, sintetiza Josina.