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Contaminação, a marca da radiação no ambiente

Radioatividade tem consequências graves e de longa duração

Por Marco Túlio Pires
Atualizado em 5 jun 2024, 16h33 - Publicado em 20 mar 2011, 14h03

Acidentes nucleares têm consequências graves e de longa duração para o meio ambiente e as populações próximas. Passados 25 anos do pior desastre nuclear da história, Chernobyl é ainda hoje uma cidade-fantasma na Ucrânia. Não é permitido ficar mais de 15 minutos nas imediações da antiga usina soviética, cujo reator explodiu em 1986, matando 30 funcionários em apenas 30 dias e contaminando toda a vida ao seu redor.

A exposição de material nuclear ao meio ambiente libera substâncias radioativas no ar e no solo. Essas substâncias contaminam plantas, rios, os animais e as pessoas em volta. Os dois elementos mais perigosos são o iodo radioativo e o césio, subprodutos da fissão nuclear do urânio. Em Chernobyl, o césio contaminou em cadeia: o solo, a vegetação que extraía nutrientes deste solo, o gado que se alimentava desta vegetação e, por fim, as pessoas que tomaram o leite de vacas contaminadas. “A radiação não deixa o solo infértil, mas tudo que cresce ali acaba contaminado”, explica o engenheiro agrônomo Virgílio Franco, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da USP.

Um dos grandes problemas da contaminação nuclear, segundo Franco, é que os níveis de radioatividade podem permanecer altos por décadas. Chama-se decaimento radioativo o processo pelo qual um isótopo radioativo, instável, perde energia espontaneamente e se transforma em átomo mais estável, não radioativo. Esse processo pode levar dias, como é o caso do iodo radioativo, ou décadas, no caso do césio radioativo. “Apesar de ser eliminado em até 30 dias pelo corpo humano, o césio pode durar 60 anos no ambiente, até desaparecer completamente”, diz Franco.

Especialistas não acreditam que a crise nuclear no Japão ganhe as mesmas proporções da tragédia de Chernobyl, apesar das incertezas que ainda cercam o acidente. Em escala de emergência, o desastre na usina de Fukushima alcançou o mesmo grau de outro grave acidente nucler, o de Three Mile Island, nos EUA, em 1979. Na usina americana, ao contrário da soviética, não houve explosão do reator, mas sim o derretimento parcial das varetas de combustível – risco que também corre a usina japonesa. O derretimento das varetas de Three Mile Island liberou uma quantidade de radiação que expôs a população ao redor a níveis, em média, equivalentes a apenas um exame de raio-X. Nos casos mais extremos, foram registrados níveis de exposição equivalentes a um terço da radiação natural absorvida durante um ano.

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