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Cientistas descobrem ave no Acre que é dócil e lembra o dodô

Espécie vive isolada no topo da Serra do Divisor, tem comportamento incomum e já preocupa pesquisadores pela alta vulnerabilidade

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 4 dez 2025, 12h15 •
  • Pesquisadores brasileiros confirmaram a existência de uma nova espécie de inhambu, a sururina-da-serra, registrada exclusivamente entre 300 e 500 metros de altitude na Serra do Divisor, no Acre, um dos ambientes mais isolados e difíceis de acessar na Amazônia. A descoberta confirma suspeitas levantadas desde 2021, quando ornitólogos gravaram um canto incomum que não correspondia a nenhuma espécie catalogada.

    Ao ser finalmente observada de perto, a ave se mostrou claramente distinta: exibe uma máscara cinza-azulada no rosto, peito ferrugíneo, dorso marrom com brilho bronzeado e proporções corporais compactas. A confirmação só veio após expedições que reuniram gravações, observações diretas e análises acústicas em laboratório. O canto da espécie, que ultrapassa 45 segundos, é considerado um dos mais longos e complexos entre os tinamídeos.

    A surpresa maior, porém, foi o comportamento. A sururina-da-serra não foge do ser humano. Permite aproximações de quatro a cinco metros sem demonstrar medo, algo praticamente inexistente entre aves terrestres da Amazônia, que costumam se esconder ao menor ruído. Como o topo da serra carece de predadores terrestres, não há onças, raposas ou gatos-do-mato, a espécie evoluiu sem desenvolver respostas de defesa.

    Essa ingenuidade diante de possíveis ameaças levou à comparação imediata com o dodô, ave das ilhas Maurício extinta no século 17 pelo mesmo motivo: era dócil, vivia em isolamento e não reconhecia humanos como predadores.

    Ilustração da nova espécie de inhambu feita por Fernando Igor de Godoy — Foto: Fernando Igor de Godoy
    Ilustração da nova espécie de inhambu (Fernando Igor de Godoy/Reprodução)
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    Por que a espécie já está em risco?

    A sururina-da-serra depende de um micro-habitat extremamente limitado. Ela vive apenas nas formações altimontanas da Serra do Divisor, um tipo de vegetação que ocorre em trechos isolados, com solo arenoso, vento constante e alta umidade. Essa faixa de altitude não se estende para além do topo da serra, o que coloca a espécie em uma situação ecológica crítica.

    Com as mudanças climáticas, a tendência é que espécies subam em busca de temperaturas mais amenas. Mas, no caso da sururina-da-serra, não há altitudes maiores disponíveis. Qualquer alteração na temperatura, no regime de chuvas ou no microclima poderá reduzir drasticamente o espaço habitável, e a ave não tem para onde se deslocar.

    O risco não se limita ao clima. Incêndios florestais, que se tornam mais frequentes em períodos de seca, podem eliminar todo o habitat de uma só vez, já que ele é pequeno e contínuo. Projetos de infraestrutura na região, como a proposta de estrada ou ferrovia que ligaria Brasil e Peru, também preocupam pela possibilidade de fragmentação ou pressão humana adicional. Até mesmo a entrada de animais domésticos pode introduzir doenças ou alterar a dinâmica ecológica local.

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    Estima-se que existam pouco mais de dois mil indivíduos, o que reforça a vulnerabilidade. A espécie não possui populações alternativas,  tudo o que existe está concentrado naquele trecho da serra.

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