Cientista brasileiro batiza novo gênero de aranha com nome da banda Abba
Pedro Castanheira e coautor do estudo, Volker Framenau, ambos da Universidade de Perth, na Austrália, são fãs do grupo sueco

Especialistas em aranhas e fãs da banda Abba, os biólogos Pedro Castanheira e Volker Framenau, da Universidade de Perth, na Austrália, uniram trabalho e diversão em um estudo que durou 15 anos e cujas conclusões foram publicadas recentemente na revista Evolutionary Systematics. No artigo, os cientistas brasileiro e alemão descrevem um novo gênero de aracnídeo, Abba transversa, ao qual incorporaram o nome do grupo pop sueco. Ao longo de suas carreiras, os pesquisadores deram nomes a muitas outras aranhas, incluindo a criação do gênero Socca (latim para o termo em inglês que significa futebol) e duas em homenagem a suas esposas.
Os integrantes do Abba, Agnetha Fältskog, Björn Ulvaeus, Benny Andersson e Anni-Frid Lyngstad, podem se sentir lisonjeados. No estudo, Castanheira e Framenau relatam que as “músicas e musicais subsequentes da banda, Mamma Mia! (2008) e Mamma Mia – Here We Go Again! (2018), proporcionaram horas de entretenimento para os autores”. A descrição é resultado de mais de uma década de trabalho científico, com os pesquisadores analisando 12.000 registros em museus australianos e coleções no exterior.
O novo gênero é composto por uma única espécie relativamente pequena, justamente a Abba transversa, cujos indivíduos habitam a área costeira de New South Wales e Queensland, na Austrália. Diferencia-se das demais espécies da família Araneidae pela presença de duas manchas escuras no meio do abdome e pelas espessas macrocerdas no primeiro par de patas dos machos.

As aranhas da família Araneidae são conhecidas por construir teias orbiculares verticais — organizadas ao redor de eixos radiais — para capturar suas presas. Eles podem ser facilmente identificados pelo padrão ocular, o abdômen sobreposto à carapaça e a genitália complexa. A família possui atualmente 188 gêneros e 3.119 espécies em todo o mundo.
“A descrição de novos táxons é vital para os planos de manejo de conservação para avaliar a biodiversidade e proteger as áreas florestais em toda a Austrália”, diz Castanheira, principal autor do estudo, em comunicado. “Atualmente, 80% das espécies de aranhas australianas são desconhecidas, e muitas das descritas estão extraviadas em diferentes gêneros, como costumava ser a Abba transversa.”
