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Câncer: 57% dos remédios não elevam qualidade de vida, diz estudo

A maioria das drogas autorizadas pela Agência Europeia entre 2009 e 2013 não possui evidências de beneficiar a qualidade ou quantidade de vida

Por Da redação
5 out 2017, 12h30

Mais da metade dos novos remédios para tratamento de câncer entra no mercado europeu sem evidências que comprovem seus benefícios para a qualidade e expectativa de vida, afirma um estudo divulgado nesta quinta-feira no British Medical Journal. Entre 2009 e 2013, 48 drogas foram aprovadas pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) para tratamento da doença em 68 situações diferentes. O novo estudo, conduzido por pesquisadores britânicos, revelou que 57% delas não apresentavam, na época, respostas satisfatórias em dois terços dos casos para os quais foram desenvolvidas, demostrando pouca evidência clínica de sua efetividade. Apenas 10% tiveram sua eficácia comprovada.

“É notável que tão poucas drogas contra o câncer entrem no mercado europeu com dados claros sobre os resultados que importam para os pacientes e seus médicos: maior sobrevivência e melhor qualidade de vida”, diz em comunicado um dos coautores do estudo, Huseyin Naci, professor de saúde pública da Escola de Economia de Londres, no Reino Unido. Segundo o pesquisador, o grande número de drogas ineficientes promovidas como “terapias revolucionárias” no mercado europeu pode levar a falsas esperanças para os pacientes e à exposição desnecessária às substâncias presentes nos remédios, além de ser um desperdício significativo de recursos importantes.

Além de avaliar os testes clínicos realizados na época em que os medicamentos foram aprovados, a equipe também acompanhou a taxa de sucesso dos tratamentos por uma média de cinco anos. Os pesquisadores descobriram que, mesmo depois desse período, quase metade dos medicamentos (49%) ainda não apresentava qualidade ou quantidade de benefícios suficientes para desenvolver tratamentos eficientes – e, mesmo para aqueles que demonstravam alguns resultados, os benefícios foram julgados clinicamente insignificantes em 50% dos casos.

“Um grande número de pessoas está sendo submetido a tratamentos para câncer e pouca informação nova está disponível para orientar os pacientes e seus clínicos quanto à eficácia dos medicamentos”, afirma o médico e cientista social Courtney Davis, um dos coautores do estudo e pesquisador do King’s College London, também no Reino Unido. “Quando medicamentos caros que carecem de evidências sólidas sobre seu benefício clínico são aprovados e reembolsados pelos sistemas de saúde públicos, pacientes individuais podem ser prejudicados e os fundos públicos desperdiçados.”

A equipe de pesquisadores contatou a Agência Europeia de Medicamentos solicitando que um controle mais rigoroso das drogas aprovadas para comercialização seja aplicado.

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