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Buraco negro mais antigo já descoberto está destruindo sua própria galáxia

Objeto maior do que deveria ser desafia as teorias atuais sobre formação dos objetos supermassivos

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 09h30 - Publicado em 17 jan 2024, 13h00

O telescópio James Webb, pouco mais de um ano após o início do seu funcionamento, tem permitido olhar cada vez mais longe no passado. Um artigo divulgado nesta quarta-feira, 17, traz a tona mais uma dessas novidades: astronomos identificaram o buraco negro mais antigo descoberto até hoje – e ele está destruindo a sua galáxia hospedeira. 

Na astronomia, a distância e a idade do objeto são mensurados a partir do tempo que sua luz demora para chegar até nós. Neste caso, ela viajou por mais de 13 bilhões de anos para chegar até aqui e, portanto, foi emitida nos primeiros anos após o surgimento do Big Bang – cerca de 400 milhões de anos depois da grande explosão, para ser mais exato. O achado foi publicado na Nature.

Mas como é que é possível enxergar um corpo que, por definição, não emite luz? de fato, buracos negros não são fonte de emissões luminosas, mas a medida que eles consomem tudo o que passa pelos seus arredores, o disco que se forma em torno do objeto é aquecido e emite ondas em infravermelho. 

O que há de especial nesse buraco negro?

A análise dos tais discos de acresção, como são chamados, mostra que esse buraco negro está consumindo sua galáxia hospedeira de maneira surpreendentemente vigorosa. De acordo com os pesquisadores isso atrapalha a formação de estrelas nesta massa jovem de gás e pode, assim, levar à sua morte. 

Esse objeto ainda desafia o conhecimento atual sobre a formação de buracos negros. Isso acontece porque as teorias atuais sugerem que esses corpos surgem pequenos e vão crescendo à medida que consomem seus arredores. Esse objeto, em específico, não é especialmente massivo, mas os cálculos sugerem que ele demoraria pelo menos um bilhão de anos para chegar ao seu tamanho, mas ele tem meros 400 milhões. 

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“Era muito cedo no universo para ver um buraco negro tão massivo, então precisamos considerar outras maneiras pelas quais eles podem ter se formado”, disse o autor do artigo e pesquisador do Instituto de Cosmologia de Cambridge, Roberto Maiolino, em comunicado. 

Os pesquisadores sugerem duas possibilidades alternativas: ou a capacidade de consumo dos buracos negros é cerca de 5 vezes maior do que se acreditava possível até o momento, ou eles surgem muito mais massivos do que as teorias anteriores apontavam. 

Agora resta esperar as próximas observações do James Webb para confirmar as novas hipóteses – e elas devem chegar em breve.  “É uma nova era: o salto gigantesco em sensibilidade, especialmente no infravermelho, é como fazer um upgrade do telescópio de Galileu para um telescópio moderno da noite para o dia”, disse Maiolino. “Antes de Webb entrar em operação, eu pensava que talvez o universo não fosse tão interessante além do que era possível ver com o Hubble. Mas esse não foi o caso: o universo tem sido bastante generoso no que tem nos mostrado, e isso é apenas o começo.”

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