Astrônomos brasileiros descobrem asteroide que passou ‘perto’ da Terra
Corpo celeste é o maior de 2019 a passar a uma distância tão pequena da Terra e não havia sido detectado com antecedência por centros de observação mundiais
Um grupo de astrônomos amadores brasileiros detectou um asteroide que passou a “apenas” 71.400 quilômetros da Terra na noite da última quinta-feira 25. Os sócios do Observatório Sonear, de Minas Gerais, foram os primeiros a rastrear o corpo celeste e alertaram a União Astronômica Internacional (UAI) sobre a descoberta.
O Asteroid 2019 OK tem entre 50 e 130 metros de diâmetro e é o maior a passar a uma distância tão pequena da Terra desde o começo deste ano. Sua velocidade estimada ao redor do Sol é de entre 50 e 60.000 km/h.
O corpo celeste não representou risco real, mas ficou a uma distância considerada pequena do nosso planeta. Para efeito de comparação, a Lua está a 384.000 quilômetros, uma distância cinco vezes maior do que a do 2019 OK.
Cerca de 90% dos mais de 1.000 asteroides de mais de 1 quilômetro de diâmetro próximos da Terra já foram identificados pela Nasa e seus parceiros. Por seu tamanho, o 2019 OK não tinha sido detectado pelos maiores centros de observação mundiais com antecedência.
Assim que os brasileiros descobriram sua localização, informaram a União Astronômica Internacional (UAI), com sede na França, para que outros astrônomos pudessem observá-lo.
Minas Gerais
O Observatório Sonear (ou Observatório Austral para Pesquisas de Asteroides Próximos à Terra), responsável pela descoberta, fica em Oliveira, uma cidade a 160 quilômetros de Belo Horizonte.
Cristóvão Jacques, diretor sócio do observatório, afirma que a colisão de um asteroide do tamanho do 2019 OK com nosso planeta poderia causar muitos estragos.
“Considerando as dimensões do universo, 71.000 quilômetros é uma distância mínima”, diz o engenheiro civil e empresário. “Imagine um asteroide do tamanho de um campo de futebol caindo na Terra. Poderia destruir uma cidade”.
O projeto ASAS-SN, da Austrália, fez um vídeo que mostra a passagem do Asteroid 2019 OK pela Terra.
Segundo Cristóvão, em média, um asteroide passa por semana entre a Terra e a Lua. A maioria deles, contudo, é muito menor do que o Asteroid 2019 OK.
O corpo celeste que cruzou o céu nesta semana dá a volta completa ao redor do Sol a cada 2,7 anos e passará novamente próximo à Terra em 2035 e 2086.
O Somear usa dois telescópios automatizados para as observações. Além de Jacques, outros dois sócios do observatório acompanham os fenômenos astronômicos por meio de um sistema via internet.
Desde 2014, o Sonear identificou 32 asteroides e sete cometas que passaram perto da Terra. “Todos os dias entram cerca de 100 toneladas de material do espaço, a maioria pequenas pedras e poeira, na atmosfera”, explica Jacques. “Por volta de duas a três vezes por ano, asteroides de 1 a 2 metros de diâmetro caem na Terra.”
Em 2013, um asteroide de 20 metros de diâmetro adentrou a atmosfera terrestre sobre a Rússia. O meteoro caiu na cidade de Cheliabinsko e deixou cerca de 1.000 pessoas feridas.
No fim de junho, o Asteroid 2019 NO, de 2 metros de diâmetro, entrou na atmosfera, mas não causou danos.