“Vou emprestar meu acervo pessoal ao museu”, promete Dom Joãozinho
Trineto de D. Pedro II, o príncipe diz que o incêndio que engoliu a antiga residência de seus familiares é “um retrato do país”
Trineto do imperador Dom Pedro II, Dom João de Orleans e Bragança, 64 anos, conhecido como Dom Joãozinho, afirmou que irá emprestar seu acervo pessoal para o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, quando este for reconstruído e reinaugurado. Entre as peças raras que promete ceder está a mesa em que a princesa Isabel assinou a Lei Áurea em 1888, que guarda em casa e nunca foi exibida, e uma coleção de fotografias de D. Pedro II, hoje sob a guarda do Instituto Moreira Salles.
Ele contou a VEJA que já tratou do assunto com o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner: “Fiz a proposta, mas ainda precisamos esperar a reconstrução do museu para falar melhor sobre o assunto”.
O descendente da família real se diz indignado com o incêndio que, na noite deste domingo, 2, destruiu o Museu Nacional, antiga residência de Dom João VI e de seus herdeiros. “Sinto mais revolta do que de tristeza, porque é uma tragédia que poderia ter sido evitada. Bastava um investimento pequeno. Os orçamentos dos ministérios são mal gastos, quando não roubados. As cinzas que vemos hoje são um retrato do nosso país. Esse patrimônio não se recupera mais”, disse a VEJA.
A ideia de Bragança é também emprestar para o Museu Nacional outros itens históricos que estão expostos no Museu Imperial de Petrópolis, como uma coleção de roupas de Dom Pedro II e da imperatriz Teresa Cristina, e um quadro de três metros de altura do antigo príncipe regente, atualmente na Pinacoteca de São Paulo. “Trata-se de uma oferta simbólica, já que a criação do museu, há 200 anos, começou também com um acervo doado por Dom João VI”. Ele só impõe uma condição: que os itens sejam expostos com toda a segurança e proteção.