Violência nas ruas do Rio reacende pressão sobre o governo do estado
Assembleia quer convocar recém-empossado secretário de segurança, em meio à volta de movimentos de “justiceiros” na Zona Sul
As recorrentes cenas de arrastões, assaltos e furtos nas ruas do Rio têm aumentado a pressão sobre o governo do Estado, em meio a uma dificuldade dos agentes de segurança em conter a violência. E a dor de cabeça já recai sobre o recém-empossado secretário de Segurança Pública do estado, o policial federal Vitor dos Santos. Nesta quarta-feira, a Assembleia decide se vai convocar o chefe da pasta para tratar do aumento da violência na Região Metropolitana.
Movimento parecido já havia sido feito há pouco mais de um mês, quando os deputados estaduais pressionavam o governador Cláudio Castro (PL) a trocar o comando da Secretária de Polícia Civil, o que de fato aconteceu. Na ocasião, parlamentares correligionários de Castro ameaçaram a convocação, mas voltaram atrás em seguida. Eles pediam a saída de José Renato Torres para a entrada de Marcus Amim, que contou com manobra na casa legislativa para poder assumir o cargo. Agora, com a recriação da Secretaria de Segurança Pública, o movimento volta à pauta.
A convocação será debatida na Comissão de Segurança Púbica e Assuntos de Polícia da Alerj, presidida por outro deputado do partido do governador, Márcio Gualberto (PL), e acontece no iníco desta tarde. A iniciativa, no entanto, é do deputado Átila Nunes, do PSD.
Justiça com as próprias mãos
Em Copacabana, palco de repetidos arrastões nos últimos dias, a dificuldade da polícia de lidar com a criminalidade tem levado moradores a se organizarem em grupos, que se autodenominam “justiceiros” e “playboys”. Na noite desta terça-feira, 5, coletivos que incluem lutadores de jiu-jitsu e integrantes de torcidas organizadas protagonizaram o espancamento de suspeitos de realizarem roubos na região, conforme mostram vídeos que circulam nas redes sociais.
A reação remete a movimentos já vistos na zona Sul do Rio na década de 90 e, mais recentemente, em 2015, que provocaram linchamentos nas ruas. Em nota, a Polícia Civil afirma que está investigando o caso. Já a Polícia Militar, reforça que “convocações para agressões ou perturbação de ordem pública não são maneiras adequadas de resolver ações criminosas”, e informa que “continua atuando com policiamento reforçado, diuturnamente em Copacabana, trabalhando de forma integrada com as demais forças de segurança”.
“É importante salientar que esse é um problema que ultrapassa a atuação somente da Corporação, sendo um obstáculo de âmbito social. E cabe destacar que é de suma importância a atuação ativa de outros atores sociais e de órgãos públicos – municipal, estadual e federal. Além disso, destacamos que a legislação vigente precisa ser revista no que tange a segurança pública”, diz outro trecho da nota. Questionada sobre que pontos na legislação devem ser revistos, no entanto, a corporação não respondeu até a última atualização desta reportagem.