Viagem agravaria quadro de Lula
Presidente foi infectado por vírus e, em seguida, por bactéria; pneumologista corrobora decisão de médicos do presidente
A decisão do Palácio do Planalto de adiar, por tempo indeterminado, a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a China se alinha com o protocolo médico usual em casos como o dele. O presidente foi contaminado pelo vírus Influenza A e desenvolveu também uma infecção bacteriana. Aos 77 anos, Lula enfrenta um quadro que tende a crescer no outono, quando aumentam os casos de infecções respiratórias.
“A decisão foi muito acertada. Teria recomendado o mesmo a qualquer paciente, mesmo jovem e atleta. É uma viagem de 25 horas. E estamos falando de uma pessoa de 77 anos, que foi fumante, que passou por um câncer “, diz Margareth Dálcomo, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia.
Em aviões, explica, nenhum paciente respira 100% do oxigênio, ambiente possível apenas na cabine de comando. No máximo, 80%. Isso tende a agravar o quadro respiratório. Outro ponto: a diferença de fuso horário. “São no minimo quatro dias para se habituar à diferença de fuso”, afirmou a pneumologista a Veja. Ela diz ainda que indicaria a qualquer paciente que esteja na mesma situação do presidente um adiamento de três a quatros semanas para viagens longas como a prevista para a China.
Com a agenda de pendências lotada, o presidente vai precisar reduzir as atividades, mesmo no Brasil. A recomendação é que não fique deitado, mas que faça repouso vocal e não se estresse. “Deveria ser uma semana de cancelamento de agendas”, afirma a pneumologista.
A infecção da qual agora Lula está sendo tratada com uso de antibiótico intravenoso causa inflamação nos alvéolos, responsáveis, no pulmão, pela troca de oxigênio por sangue.