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Via muitos corpos no mar, diz sobrevivente de naufrágio na Bahia

A administradora de empresas Meire Reis, de 53 anos, foi salva por lancha que passou pela região do acidente. Dez das 18 vítimas foram identificadas

Por Da redação
Atualizado em 24 ago 2017, 22h10 - Publicado em 24 ago 2017, 22h07

Sobreviventes do naufrágio de uma embarcação próximo à Ilha de Itaparica, na Bahia, relatam momentos de desespero enquanto o barco – que transportava mais de 120 pessoas – afundava na manhã desta quinta-feira. Pelo menos 18 pessoas morreram – entre elas um bebê de dois anos.

A administradora de empresas Meire Reis, de 53 anos, havia assistido, na noite anterior, às notícias do naufrágio no rio Xingu, no Pará, que deixou ao menos 21 mortos na madrugada de terça para quarta-feira. “Eu conversei com meu marido ainda ontem (quarta) à noite sobre o acidente com o barco no Pará. Estava triste e ele me falou que na hora do desastre é bom mergulhar e ir para longe”, contou ela, que mora na Ilha de Vera Cruz e trabalha em Salvador. “Pego a barca diariamente. Parece que pressentia algo ruim”, diz.

Em frente ao Hospital Geral do Estado (HGE), de onde teve alta, Meire recorda ao lado da filha Isabel que o desespero foi grande na hora do acidente. “Chovia e ventava, então todos os passageiros resolveram ir para o lado oposto à chuva. O lado esquerdo ficou sem peso, por isso o barco virou”, relata.

No instante em que a embarcação virou, a administradora de empresas, que não sabe nadar, diz ter olhado para o teto a fim de pegar os coletes salva-vidas, amarrados e com um nó difícil de desfazer. Ela ainda bateu com a cabeça no teto do barco, o que lhe deixou hematomas, e viu os passageiros caírem um sobre os outros.

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“Foi um desespero total. Imagina, no mar e eu não sei nadar. Lembrei da conversa com meu marido e mergulhei e fui me distanciado do local onde havia desespero. Nisso, me deparei com um bote e me segurei nele. O socorro demorou a chegar. Eu olhava e via muitos corpos no mar. Tinha criança lá. Que tragédia”, lamenta Meire Reis, salva por um voluntário que percorria de lancha as proximidades. “Essa lancha ainda resgatou uma criança de um ano. Mas não sobreviveu, pelo que soubemos”, diz ela, que foi medicada e teve alta antes das 14h.

O universitário Felipe Almada, de 27 anos, amigo da família de Meire, conta que seguiu com a filha dela para o terminal marítimo do Comércio assim que souberam do acidente. “Foi muita sorte. Quando chegamos lá, a Meire chegou com vida salva por esta lancha e viemos todos para o HGE”, afirma o rapaz, que ressalta o atendimento no hospital. “Foi efetivo e de primeiro mundo”, diz.

O sonoplasta Edvaldo Santos, de 51 anos, também conseguiu se salvar e reclamou da demora das equipes de salvamento. “Um absurdo. Levaram duas horas para chegar e estávamos próximos ao atracadouro”.

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De acordo com a Associação de Transportes Marítimos da Bahia (Astramab), a embarcação correspondia às exigências legais para fazer o transporte de passageiros e não estava superlotada. A Agência de Regularização de Serviços Públicos de Energia, Transportes e comunicação da Bahia (Agerba) informou que a embarcação estava totalmente regularizada. O barco foi encaminhado para perícia.

Vítimas identificadas

Dez das 18 vítimas do naufrágio foram identificadas até a noite desta quinta-feira, entre as quais um menino de 2 anos, dois homens e sete mulheres. As informações são da Secretaria da Segurança Pública da Bahia. De acordo com a pasta, as buscas na região foram suspensas no início da noite e serão retomadas pelas polícias Militar, Civil, Técnica e pelo Corpo de Bombeiros amanhã de manhã.

As vítimas identificadas são Antônio de Jesus Souza, Thiago Henrique de Melo Muniz Barreto, Tais Medeiros Ramos de Sales, Ivanilde Gomes da Silva, D.Q.R.J., de 2 anos, Lais Pita Trindade, Dulciana dos Santos Queiroz, Rosemeire Novaes Carneiro da Costa, Sandra Lima dos Santos e Dulcelina Machado dos Santos.

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Até as 18 horas desta quinta, o Instituto Médico Legal (IML) havia recebido os corpos de 14 vítimas – cinco delas foram encaminhadas à sede, em Salvador, e os outros nove à Coordenadoria do Departamento de Polícia Técnica, em Santo Antônio de Jesus.

Segundo a Secretaria, três delegados, três escrivães e oito investigadores foram enviados ao Terminal Marítimo para apoiar as equipes e agilizar a liberação dos corpos para o IML. O apoio às buscas envolveu 115 policiais e 15 viaturas, três motocicletas, duas aeronaves, dois quadriciclos, uma lancha, uma base móvel e um caminhão tanque. Do Corpo de Bombeiros, foram dezenas de profissionais, entre os quais 13 mergulhadores.

(com Estadão Conteúdo)

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