Digital Completo: Assine a partir de R$ 9,90

Thompson-Flores conta sua versão da briga com ex-mulher

O ex-diplomata reconstitui pela primeira vez as contendas com a atriz Cristiane Machado, gravadas em imagens chocantes. E diz: a agressora foi ela

Por Maria Clara Vieira Atualizado em 4 jun 2024, 15h36 - Publicado em 12 jul 2019, 06h30

O empresário e ex-diplomata cario­ca Sergio Schiller Thompson-­Flores, de 60 anos, acaba de ser solto depois de ficar sete meses na cadeia. Cumpria prisão preventiva por haver desobedecido a uma medida protetiva que o impedia de chegar perto da ex-­mulher, Cristiane Machado, 35. Trata-­se de um caso de enorme repercussão: em novembro de 2018, com o ex-marido já foragido, Cristiane, ex-atriz de novelas, deu uma entrevista à TV em que detalhava agressões dele e exibia um vídeo da briga, na noite de 31 de agosto do ano passado, que resultou no pedido da medida protetiva. Na gravação, ele a empurra, atira um sapato nela, ameaça-a com um cinto e, em determinado momento, segura um cabo de carregador de celular em volta do pescoço dela. Na segunda-feira 8, Thompson-Flores procurou VEJA para contar seu lado da história. Não nega que deixou marcas em Cristiane, mas diz ter sido sempre atacado antes e se defendido. Munido de documentos e trechos de mensagens, afirma ter sido vítima de uma armação: “Foi totalmente errado eu tentar contê-la. Olho para trás e fico estarrecido. Como não me dei conta de que devia ter ido embora?”.

Thompson-Flores responde a quatro processos criminais movidos por Cristiane por violência doméstica e descumprimento de ordem de se manter afastado. Sobre essa última, motivo de sua prisão, relata que o pedido original foi registrado por ela logo depois da briga exibida no vídeo. “Fui imediatamente notificado e saí de casa. Entretanto, no dia seguinte, ela me chamou de volta, disse que estava doente, e eu fui. Vivemos dois meses como um casal normal, com relações conjugais plenas e sem nenhum problema”, afirma. Pela lei, para que a medida que impunha o afastamento dele tivesse efeito, o ex-diplomata deveria ter recebido uma intimação formal nesse sentido. Documentos obtidos por VEJA mostram que agentes do Juizado de Violência Doméstica tentaram quatro vezes entregar-lhe a intimação em casa — uma mansão em São Conrado, na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde Cristiane mora até hoje e enfrenta ação de despejo. Sempre ouviam que não estava.

Como prova da reconciliação pós-­briga, Thompson-Flores apresenta mensagens no celular entremeadas de beijos e juras de amor. “Como pode uma pessoa falar comigo nesses termos e mover um pedido de afastamento ao mesmo tempo?”, pergunta. Na segunda metade de outubro, diz, brigaram de novo, e ele saiu definitivamente de casa. Dois dias depois, no entanto, voltou e ficaram algum tempo juntos. Ela avisa à polícia que ele apareceu lá, e a prisão preventiva é decretada. Thompson-Flores tem outra versão: “Passamos uma hora deitados, conversamos normalmente e depois fui embora”. Após ter ficado alguns dias foragido, ele se entregou, dando início aos meses de prisão por ter burlado a ordem de afastamento. O processo continua a correr, mas o Ministério Público recomenda sua absolvição por entender que não há provas de que ele tenha sido intimado. O juiz que assinou o alvará de soltura em junho levou isso em conta.

EX-EMBAIXADOR
O FIM DO CONTO DE FADAS - Thompson-Flores (acima), recém-saído da prisão: mensagens amorosas trocadas com a mulher poucos dias depois da briga e reproduzidas por ele indicam que o casal teria se reconciliado (Eduardo Monteiro/VEJA)

Sobre os episódios de violência física, Thompson-Flores afirma que Cristiane o agredia por ciúme ou dinheiro e que ele também saía ferido das brigas. A respeito das fotos de marcas decorrentes de uma discussão em março do ano passado, ele explica: “Ela partiu para cima de mim aos tapas, dizendo que eu era um imbecil. Durou horas. Eu tentava contê-­la, e por isso aparecem nela hematomas e um pequeno machucado na boca. Eu saí pior, com uma mordida na virilha, uma no peito e várias escoriações”. Os ferimentos estão listados no prontuário de sua passagem, no dia seguinte, por uma clínica particular do Rio. Ele foi condenado nessa ação e impetrou recurso.

Continua após a publicidade

Dois meses depois dessa altercação, eles se casariam no religioso, ela vestida de branco. Segundo o empresário, seguiu-se um período de vida a dois “totalmente normal”. “Ela insistia para que tivéssemos um filho. Fiz inúmeras consultas em clínicas de fertilização”, conta. A suposta normalidade contradiz o relato de Cristiane sobre o mesmo período: em junho ela instalou, em segredo, cinco câmeras no quarto do casal porque viveria amedrontada pelo marido violento. Thompson-Flores vê na premeditação da gravação um indício de que a ex-­mulher tinha a intenção de incriminá-­lo para extorquir vantagem financeira. Consta do processo ao qual VEJA teve acesso o depoimento de uma testemunha da defesa que acompanhou a instalação das câmeras e informou à polícia que 1) o áudio foi suprimido; 2) durante o serviço, Cristiane ensaiou poses nos melhores ângulos; e 3) um ex-noivo “com quem ela se encontrava” tinha acesso às imagens.

THOMPSON-1CASAMENTO-CRISTIANE MACHADO-2018-1 copy
FORA DE CONTROLE - O casamento de Cristiane e Thompson-Flores, em maio de 2018: onze meses de uma união explosiva que terminou na Justiça após violenta briga flagrada em um vídeo que perita diz ter sido manipulado (Arquivo Pessoal/Reprodução)

O ex-diplomata diz que a briga de 31 de agosto durou cinco horas, das 21 horas às 2 da manhã. O vídeo que Cristiane exibiu ao país tem dois minutos e meio e foi tirado de um trecho de dezenove minutos. “Ela usou micropedaços da realidade para construir uma narrativa inteiramente falsa”, afirma Thompson-Flores. Ele contratou a perita Denise Rivera para avaliar o material, e o laudo resultante indica manipulação das imagens — cortes de frames, aceleração, zoom. Denise ressalva que a edição do vídeo não anula a existência de agressão. Sobre o momento mais dramático, ele diz: “Estava tentando contê-la e, num ato desesperado, eu a envolvi com o cabo do carregador. Ela se mexeu até encaixá-­lo no pescoço. Percebi que podia machucá-la, puxei para removê-lo e deu-se a escoriação registrada em fotos”. O Instituto Médico-Legal aponta, no exame de corpo de delito obtido pela reportagem, “equimose avermelhada” no pescoço de Cristiane, produto de “ação contundente” que “não resultou em perigo de vida”.

Continua após a publicidade

Ela incluiu no inquérito um golpe no ouvido direito, com perfuração do tímpano, atestada por um otorrino que consultou posteriormente. Thompson-Flores submeteu o atestado a um especialista contratado, Júlio César Cury, que observa: “Esse tipo de lesão só seria possível se ela tivesse mergulhado mais de 10 metros ou com o uso de um objeto cortante”. Segundo a defesa de Thompson-Flores, Cristiane pediu que as agressões fossem tipificadas como tentativa de feminicídio, sem sucesso. Nesse processo, em andamento, a recomendação do MP é que o empresário seja condenado por dois crimes: lesão leve (três meses a um ano de detenção) e cárcere privado (dois a cinco anos). Ouvida por VEJA, Cristiane reiterou todas as denúncias contra o ex-marido e o acusou de estar montando cenários para se passar por vítima. Confirma que estiveram juntos nos dois meses após a agressão porque ele se instalou em casa e ela teve medo de reagir. Diz que o vídeo não foi manipulado e que entregou a gravação integral à polícia. Thompson-Flores promete novo capítulo: pretende abrir quatro ações contra ela nos próximos dias.

Publicado em VEJA de 17 de julho de 2019, edição nº 2643

Continua após a publicidade
carta
Continua após a publicidade
Envie sua mensagem para a seção de cartas de VEJA
Qual a sua opinião sobre o tema desta reportagem? Se deseja ter seu comentário publicado na edição semanal de VEJA, escreva para veja@abril.com.br
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

[small]Digital Completo[/small]

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas R$ 5,99/mês*
ECONOMIZE ATÉ 59% OFF

Revista em Casa
+ Digital Completo

Nesta semana do Consumidor, aproveite a promoção que preparamos pra você.
Receba a revista em casa a partir de 10,99.
a partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.