Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Qual é a importância da área indígena ‘monitorada’ por bolsonarista

Edward Luz foi preso ao tentar impedir fiscalização do Ibama na terra Ituna-Itatá; campeã de desmatamento, região é visada por proximidade com Belo Monte

Por Da Redação 17 fev 2020, 13h03

O antropólogo e militante bolsonarista Edward Luz foi preso no domingo 16 por uma equipe do Ibama ao tentar impedir uma fiscalização na terra indígena Ituna-Itatá, em Altamira (PA) com o objetivo de retirar gado criado na área. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que ele é detido ao desobedecer a ordem para se retirar do local.

A região palco do episódio foi a mais desmatada da Amazônia em janeiro deste ano, com 9 km² de devastação, segundo levantamento da ONG Imazon. Em 2019, a terra Ituna-Itatá teve o maior desmatamento do país, correspondendo a 13% do total registrado pelo Prodes, o projeto de monitoramento via satélite da Amazônia. Entre 2018 e 2019, a área registrou um aumento de 700% no desmatamento, com perda de 23% da cobertura florestal apenas no último ano.

O desflorestamento na terra indígena Ituna-Itatá deve-se, sobretudo, à presença da usina hidrelétrica de Belo Monte, localizada em Altamira e que começou a ser construída em 2011. A presença da obra impulsionou a especulação imobiliária na região, dominada por grileiros e posseiros. A ação das quadrilhas de invasores, destaca o procurador da República Adriano Lanna, que acompanha os trabalhos de fiscalização na região, pode impactar as terras Trincheira-Bacajá, dos índios Xikrin, e Koatinemo, dos Assurini, que fazem divisa com Ituna-Itatá.

O incentivo à mineração em terras indígenas também é outro fator apontado pelo MPF no Pará como uma das causas do expressivo desmatamento na região. Em 5 de fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro assinou um projeto de lei que autoriza a exploração mineral, produção de petróleo, gás e geração de energia elétrica em terras indígenas – o texto ainda precisa passar pela análise do Congresso.

Continua após a publicidade

Detenção

A ação de fiscalização do Ibama que resultou na prisão de Edward Luz visava a retirada de gado de uma área ilegalmente desmatada, outra preocupação do Ministério Público Federal no Pará. No vídeo divulgado nas redes, Luz diz estar no local “para fazer cumprir a ordem ministerial, do senhor ministro [do Meio Ambiente] Ricardo Salles”, com o qual esteve na terça-feira 11, em uma audiência na 4ª Câmara do MPF.

De acordo com o antropólogo, ficou acordado, no encontro, que “nenhum patrimônio de população em situação de fragilidade seria destruído”. Edward Luz é então interrompido pelo comandante da operação, Roberto Cabral, que ordena a sua retirada, sob pena de ser preso em flagrante. Diante da recusa, Luz é detido e a filmagem, interrompida. Edward Luz foi expulso da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) em 2013, em virtude de “postura não compatível com a ética profissional”.

Continua após a publicidade

Apesar da declaração do antropólogo, o MPF afirmou, em nota, que na reunião citada por Luz “ficou acordado que a fiscalização dentro da área reservada permanece. Já na área não reservada, ficarão suspensas por 30 dias apenas as atividades de remoção de quem está em situação de vulnerabilidade social, com o objetivo de conseguir alternativa para alocação dessas pessoas”.

O MPF diz, também, que será “criado um grupo de trabalho para estudar solução definitiva para a situação, considerando os aspectos sociais envolvidos”.

A rede de ONGs Observatório do Clima postou em seu perfil no Twitter o momento da prisão. Confira:

Continua após a publicidade

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.