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Putin pilota caminhão em inauguração de ponte na Crimeia

Governo da Ucrânia acusa Moscou de ´pisotear o Direito Internacional´; região foi anexada pela Rússia em 2014

Por Da Redação
15 Maio 2018, 12h18

No volante de um caminhão laranja, o presidente russo, Vladimir Putin, inaugurou nesta terça-feira (15) uma ponte para ligar a Crimeia à Rússia. A obra reduz o isolamento da península e, simbolicamente, reforça a presença russa na região, anexada por Moscou em 2014.

Putin assumiu o volante do caminhão Kamaz e liderou uma coluna de dez veículos para percorrer os 19 quilômetros da Ponte de Crimeia, que liga as penínsulas de Kertch e de Taman, no sul da Rússia.

Do outro lado, na Crimeia, o presidente foi recebido por uma pequena multidão, que o aplaudiu calorosamente. Mas o governo da Ucrânia, soberano da Crimeia até a invasão russa de 2014, protestou.

“Em vários momentos da história, mesmo sob o czar, as pessoas sonhavam com a construção dessa ponte. Elas tentaram de novo nos anos 1930, 1940, 1950 e, enfim, graças a seu trabalho e seu talento, esse esse milagre aconteceu!”, declarou Putin, para acrescentar ser hoje “dia excepcional, festivo, histórico” para a Rússia.

A televisão russa, que transmitiu ao vivo as imagens da travessia do caminhão, saudou os “heróis” que construíram a ponte, que facilitará o turismo russo para a Crimeia.  Carros e ônibus devem começar a circular pela ponte a partir de quarta-feira, informou o Kremlin. Os trens são esperados para final de 2019, atravessando o estreito de Kertch, entre o Mar de Azov e o Mar Negro.

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Iniciada em fevereiro de 2016, a obra foi encomendada à empresa Stroïgazmontaj, do bilionário Arkadi Rotenberg, parceiro de judô do presidente Vladimir Putin.

Segundo um decreto publicado no site do governo, a companhia Stroïgazmontaj deveria entregar a ponte até dezembro de 2018, ao custo de 228,3 bilhões de rublos (2,9 bilhões de euros na época).

Violação de soberania

Do lado da Crimeia, porém, a obra é tida como uma violação da soberania. Em entrevista à AFP, o primeiro-ministro ucraniano, Volodymyr Groïsman, acusou a Rússia de “pisotear o Direito Internacional” com essa ponte. “A Rússia vai pagar muito caro”, garantiu.

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Um porta-voz da União Europeia também condenou a “nova violação da soberania” da Ucrânia por parte da Rússia, considerando que sua construção foi feita “sem o consentimento” de Kiev.

“A construção da ponte busca uma maior integração forçada da península anexada ilegalmente à Rússia e seu isolamento da Ucrânia, da qual continua fazendo parte”, ressaltou o porta-voz, reiterando a posição da União Europeia (UE) de não reconhecer a Crimeia como território russo.

Várias vezes a Ucrânia denunciou a construção dessa ponte como uma ataque à sua integridade territorial.

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Para a Rússia, a Ponte da Crimeia deve permitir reduzir o isolamento tanto geográfico quanto econômico da Crimeia, anexada da Ucrânia em março de 2014, após uma intervenção das forças especiais russas e de um referendo denunciado como “ilegal” por Kiev e por países ocidentais.

Em razão do bloqueio imposto por Kiev e das sanções ocidentais que se seguiram a essa anexação, a maioria dos produtos alimentícios chega de barca da Rússia, um modo de entrega que depende de condições meteorológicas favoráveis.

A Crimeia também depende da via aérea para se abastecer, o que acaba acarretando uma alta significativa nos produtos básicos.

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“Muitos não acreditavam na possibilidade de concretização desses planos. (Vladimir) Putin provou, mais uma vez, que os planos mais ambiciosos podem ser realizados sob sua direção”, declarou nesta terça o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em entrevista coletiva.

Durante uma visita em março, alguns dias antes de sua reeleição à Presidência, Putin exigiu que a ponte fosse entregue em maio “para que as pessoas pudessem aproveitar a temporada de verão” na Crimeia.

A ponte, que passa pela ilha de Tuzla, tem uma altura de 35 metros no nível de seu arco central. A velocidade máxima autorizada para carros será de 120 km/h, sempre que as condições climáticas permitirem, segundo a agência de notícias russa RIA Novosti.

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