PT veta destinação de dinheiro para candidatos de outros partidos
Decisão pode ter impacto em acordos eleitorais em várias cidades, a exemplo de São Paulo, onde o partido apoia Guilherme Boulos
A Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores aprovou resolução que impõe critérios para distribuição dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, o chamado fundo eleitoral, para as eleições municipais deste ano, que vai escolher prefeitos e vereadores.
Na resolução, o PT proíbe a destinação de dinheiro para candidatos de outras legendas, mesmo que sejam apoiados pelo partido. “O Partido dos Trabalhadores não destinará recursos do FEFC a outros partidos”, diz o artigo 8º do texto. Essa decisão pode ter efeito nas alianças em várias cidades, especialmente nos grandes colégios eleitorais.
Guilherme Boulos conta com dinheiro do PT
Por determinação do presidente Lula, o PT decidiu apoiar em São Paulo a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL), que não só conta com apoio financeiro do partido como vem reivindicando a ajuda nos últimos dias. O pedido de Boulos faz sentido, já que o PT receberá este ano 619 milhões de reais do fundo eleitoral, enquanto o PSOL terá apenas 126 milhões de reais à disposição.
Se a resolução for seguida à risca, o PT, em tese, teria ainda mais dificuldades para fechar alianças eleitorais em 2024, especialmente nos maiores colégios eleitorais, nos quais, quando não tem concorrente próprio, pleiteia a vaga de vice. O partido está tentando, por exemplo, compor a chapa à reeleição do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), que por enquanto se recusa a aceitar uma indicação dos petistas. A resolução, no entanto, mantém a possibilidade de repasses aos candidatos que tenham um petista como candidato a vice.
PT tenta sem sucesso indicar vices
A mesma situação se repete na capital pernambucana. No Recife, João Campos (PSB), que lidera a corrida pela reeleição, também evita o vice indicado pela legenda de Lula. De olho em 2026, o presidente orientou o PT a abrir mão de candidaturas em favor de possíveis aliados em sua futura campanha à reeleição.
Dentro dessa composição, partidos de esquerda esperavam contar com parte dos recursos do caixa petista, mas a resolução, se cumprida, impedirá que isso ocorra — até porque há disputa por recursos dentro do próprio PT. A resolução também traz regras para distribuição de dinheiro para mulheres e candidatos negros. No caso de candidaturas femininas, o percentual será de no mínimo 30% do valor total do fundo eleitoral.