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Professor pedófilo de SP filmava alunas com câmeras escondidas na classe

Homem que trabalhava há cerca de vinte anos em escola de elite foi preso em flagrante

Por Mariana Zylberkan Atualizado em 4 jun 2024, 14h45 - Publicado em 21 fev 2020, 06h00

Na caça aos pedófilos no Brasil, é muito mais comum encontrar gente que consome e compartilha conteúdo erótico infantil do que os responsáveis pela produção do material. Mas a polícia de São Paulo localizou no último dia 18 um criminoso do gênero, justamente em um lugar que parecia improvável: um colégio de elite em um bairro nobre da cidade. Seu perfil também é surpreendente: Ivan Secco Falsztyn, de 54 anos, trabalhava havia duas décadas como professor de história e teatro na St. Nicholas School, onde as mensalidades podem chegar a 15 000 reais, e era tido como uma pessoa séria e confiável. Em uma batida realizada em sua casa, os investigadores descobriram vídeos que mostravam partes íntimas de suas alunas, com idade entre 10 e 17 anos, captados em sala de aula por câmeras escondidas em caixas de remédios afixadas sob as carteiras das adolescentes. Outra técnica de filmagem consistia em simular situações durante as atividades cênicas em que ele as posicionava nos pontos onde tinha colocado os equipamentos para ter certeza de que iriam flagrar as meninas por baixo da saia. O professor também andava na escola com uma câmera a tiracolo na intenção de filmar qualquer descuido das estudantes, principalmente quando se abaixavam para pegar algo no chão. Em seu depoimento à polícia, Falsztyn confessou as práticas. “Ele me pediu ajuda, disse que era doente”, conta o delegado Nico Gonçalves, que acompanhou a operação.

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DISFARCE - Câmeras apreendidas: elas eram colocadas em caixas de remédios (Reprodução/TV Globo)

Por volta das 6 da manhã da última terça, o professor se preparava para levar o casal de filhos gêmeos, de 13 anos, para a St. Nicholas School, a mesma instituição onde trabalhava, no bairro de Pinheiros, quando abriu a porta da casa aos policiais que cumpriam mandado de busca e apreensão no âmbito de uma operação nacional para prender acusados de pedofilia. Quando os agentes chegaram à residência e disseram que ele era acusado de acessar material impróprio, Falsztyn estava calmo, negou qualquer crime e ainda pediu licença para pentear os cabelos antes de afirmar que as imagens eram “brincadeiras de velho”.

Ele se desesperou quando viu os agentes se aproximar de um quarto nos fundos e chegou a pegar uma tesoura antes de ser imobilizado e algemado. No cômodo, foi encontrado o laptop em que armazenava mais de 300 vídeos com imagens captadas por baixo da saia das alunas, acumuladas nos últimos quatro anos. O conteúdo estava em uma pasta escondida e protegida por senha no computador — havia a separação por apelidos das alunas preferidas. Ao receber voz de prisão, o professor ligou para a mulher e avisou que precisava de advogado. “Eu não tinha a menor ideia de que ele fazia isso”, disse a VEJA Laura Falsztyn, que trabalha como diretora de outra unidade da St. Nicholas, nos arredores de São Paulo.

CERCO - Operação Luz na Infância: 43 pessoas detidas em doze estados
CERCO - Operação Luz na Infância: 43 pessoas detidas em doze estados (//Divulgação)
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A polícia investiga agora se houve casos de abuso sexual por parte do professor e se ele disseminou as imagens. “A escola se sente surpreendida pelos acontecimentos”, disse a St. Nicholas School em nota divulgada no mesmo dia em que a Justiça decretou a prisão preventiva de Falsztyn. Na sequência, o colégio anunciou a demissão do funcionário. Seu endereço, um sobrado no mesmo bairro da escola, figurava em uma lista de onde partiram conexões de internet usadas para baixar fotos de pedofilia em fóruns da deep web. A investigação incluiu o uso de uma plataforma internacional que monitora o fluxo desse tipo de imagem na internet. Batizado de Operação Luz na Infância, o esforço policial prendeu em flagrante 43 pessoas em doze estados. Falsztyn pode receber pena de quatro a oito anos de detenção por produzir imagens sexuais de crianças e adolescentes, além de mais um a quatro anos por armazenar esse tipo de material. Que a punição seja a maior possível.

Publicado em VEJA de 26 de fevereiro de 2020, edição nº 2675

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