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Presos reagem à revista e mais de 30 ficam feridos em Manaus

Foram apreendidos vários itens proibidos, como celulares, barras de ferro, facas e rádios transmissores; em janeiro, 56 morreram durante rebelião na unidade

Por Da redação
Atualizado em 4 jun 2024, 19h08 - Publicado em 7 mar 2017, 11h44

Uma revista no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus (AM), onde 56 presos foram mortos após uma rebelião em janeiro, provocou um novo conflito na unidade. De acordo com o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes, os detentos do Compaj tentaram reagir durante a revista, mas foram contidos pelos militares que chegaram a usar balas de borracha. Mais de 30 ficaram feridos.

“Os presos, apesar de estar ali uma grande quantidade de policiais, demonstraram a intenção de reagir, de não obedecer às ordens. Inclusive, nas filmagens, eles mandam os outros levantarem, numa nítida ação de enfrentamento às forças de segurança. Foi necessária a utilização de força proporcional, alguns se machucaram, mas ninguém morreu”, afirmou o secretário.

Fontes ressaltou que será investigado tanto o comportamento dos detentos quanto dos agentes presentes. “Isso vai ser investigado, quem causou e quem desobedeceu vai ser responsabilizado e, eventualmente, se houve algum excesso, também vai haver responsabilização”, disse. A revista apreendeu dois rádios, 27 aparelhos celulares, 45 barras de ferro, 46 facas, onze facões e 21 estoques, facas feitas de forma artesanal.

Batizada de Operação Chaw’pã II – “limpeza” na língua indígena do povo hupda do Alto Rio Negro –, a revista foi feita por órgãos de segurança do Estado e cerca de 580 militares das Forças Armadas. O Exército também cedeu equipamentos de alta tecnologia para a inspeção, realizada nos quatro pavilhões do Compaj, que abrigam 1031 internos.

Desafio

Para o secretário de Segurança, impedir que as armas voltem a entrar no presídio ainda é um desafio para o governo. “Nós estamos anunciando aqui que nós estamos pegando (os objetos). A população pode ficar tranquila que nós estamos pegando. Mas como entra? Se eu soubesse como entra, não entrava mais porque a gente teria evitado. Certamente é a corrupção, certamente as famílias dos presos”, afirmou.

Sobre a família dos detentos, ele ainda disse acreditar que a falta de revista pessoal é aproveitada para fazer esse tráfico. “Nós estamos num dilema diário. Não podemos fazer revista pessoal porque é intimidatória e a pessoa se aproveita disso pra colocar para dentro o que deve e o que não deve”, concluiu o secretário.

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Para ele, a falta de equipamentos impede que a revista de entrada nas penitenciárias seja reforçada. “Nó precisamos ainda de todos os equipamentos necessários para fazer com que a tecnologia nos permita, cumprindo as normas nacionais e internacionais e de direitos humanos, evitar que entrem. Enquanto não temos esses equipamentos, nós fazemos buscas constantes, sozinhos e com o apoio do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, como agora”, acrescentou o secretário.

“Nós empregamos uma parte com detecção com animais de faro para explosivos e para drogas e também detectores eletrônicos para identificação de diversos materiais. A gente recebeu uma determinação da Presidência da República para que fossem feitos esforços conjuntos com os órgãos de segurança no sentido de realizar essas vistorias, as detecções desses itens, a identificação, localização e coleta desses itens para posterior investigação da Polícia Civil”, explicou o tenente-coronel Sérgio Oliveira, do Comando Militar da Amazônia (CMA).

Rebelião

Em 1º de janeiro deste ano, uma rebelião na unidade penitenciária resultou na fuga de 225 internos e na morte de 56. Até o momento, 113 foram recapturados e 112 continuam foragidos. Passados mais de dois meses do massacre, o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes, diz que o sistema prisional em Manaus está controlado.

“Nós consideramos que o sistema prisional, não é que ele esteja pacificado, mas ele está em constante observação e sob controle”, afirmou. “Se alguém duvida da eficácia desse tipo de ação, é só olhar essa lista de itens apreendidos. Todos esses materiais foram encontrados com aquela mesma população carcerária que fez a rebelião e cometeu todos aqueles assassinatos no início de janeiro, o que demonstra que as operações devem continuar focadas no sistema prisional”, concluiu o responsável pela Segurança Pública no Amazonas.

Cadeia Pública

A Operação Chaw’pã I foi realizada no dia 31 de janeiro na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, que fica no centro de Manaus, também com a participação de militares das Forças Armadas. Na ocasião foram apreendidos 23 celulares, 42 objetos perfurantes e cortantes, como estoque e facas, um simulacro de arma de fogo, substâncias entorpecentes, entre outros objetos proibidos.

O presídio foi reativado para receber mais de 280 detentos do Compaj que se sentiam ameaçados após a rebelião no local. Também houve um confronto entre internos na Cadeia Pública no dia 8 de janeiro, matando mais quatro pessoas. Atualmente, o presídio abriga 200 detentos. O secretário de Estado de Administração Penitenciária, tenente-coronel Cleitmam Rabelo, reafirmou que o local será desativado definitivamente até 15 de maio, conforme acordo com a Justiça do Amazonas e o Ministério Público do Estado.

“Nós já estamos trabalhando para isso fazendo uma triagem, um filtro bem responsável para transferir os presos sem que a gente precise entrar em convulsão com outras cadeias. Por isso, nós já estamos fazendo movimentações já a partir desse mês março de presos para outras unidades que possam recebê-los. Assim, quando chegar maio, teremos uma população menor e poderemos transferi-los para o presídio que está em construção”, explicou o secretário Rabelo.

(Com Agência Brasil)

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