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Polícia Federal e SNI monitoraram Mujica na ditadura e na redemocratização

Ex-presidente do Uruguai, que morreu hoje, foi membro do movimento guerrilheiro Tupamaros

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 Maio 2025, 18h10 - Publicado em 13 Maio 2025, 18h07

Ícone da esquerda latino-americana, o ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica foi monitorado pela Polícia Federal e o extinto Serviço Nacional de Informações (SNI) por 28 anos, durante e após o regime militar brasileiro. Mujica, que morreu nesta terça-feira (13), foi um dos principais membros do movimento guerrilheiro Tupamaros, que era considerado uma organização terrorista no Brasil.

Relatórios mostram que os serviços de inteligência da PF e do SNI acompanhavam o passo a passo do ‘terrorista’ Mujica, que ficou preso no Uruguai entre 1973 e 1985. O temor dos serviços de inteligência, durante a ditadura e o início da redemocratização, era que Mujica e seu grupo migrassem para o Brasil e fortalecessem os movimentos esquerdistas no país.

Em julho de 1970, o então Centro de Informações do Exterior (CIEX) do Ministério das Relações Exteriores, uma agência de informações dedicada a monitorar os opositores do regime militar, produziu um relatório secreto sobre o Uruguai intitulado “Atividades da organização terrorista ‘Tupamaro’”. Em anexo, havia a “relação de terroristas uruguaios ‘Tupamaros’ presos e condenados” em 1970, que que incluía José Alberto Mujica Cordano, o nome de Pepe Mujica.

No documento do CIEX, ao lado do nome de Mujica apareciam os crimes a ele atribuídos: “Atentado a la Constitucion en el Grado de Conspiracion, Associacion para delinquir y Encubrimiento”, que significa: Atentado à Constituição no grau de conspiração, associação para cometer crime e acobertamento. Hoje, após a morte do ex-presidente uruguaio, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil expressou “profundo pesar”, definindo Mujica como um “grande amigo do Brasil”.

Mudança de status

O monitoramento continuou após a saída de Mujica da prisão. Ele é citado, por exemplo, num relatório do Serviço de Informações da Superintendência da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, de outubro de 1988, que mostra a relação dos integrantes eleitos nos comitê central e executivo do grupo guerrilheiro Tupamaros.

Em outro documento, sem data especificada, a inteligência da Polícia Federal elenca os “estrangeiros ligados à subversão e ao terrorismo proibidos de entrarem em território brasileiro”. Entre eles, Mujica. Morto em decorrência de um câncer, o ícone esquerdista foi presidente do Uruguai entre 2010 e 2015 e também exerceu os cargos de deputado e senador. Ao longo da carreira, levou uma vida franciscana e defendeu pautas como a liberação do uso da maconha e a legalização do aborto.

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