‘Polarização nas universidades é problema pedagógico, não político’, diz especialista
Doutorando em psicologia social, Pedro Franco afirma que professores precisam se unir para incentivar a diversidade de pensamento entre estudantes
O acirramento dos embates de cunho ideológico dentro das universidades é um fenômeno mundial. No Brasil, um aluno da Universidade de Brasília (UnB), declarado conservador, começou a gravar as aulas na tentativa de provar que os professores querem doutrinar os estudantes para que defendam a cartilha da esquerda e pautas identitárias. A atitude dele gerou confusão no campus, como mostra a nova edição de VEJA. Na Unicamp, em São Paulo, também houve manifestações contra e a favor de uma política de cotas para pessoas trans idealizada pela universidade.
Para Pedro Franco, doutorando em psicologia social com ênfase em educação da Universidade de Columbia (EUA), a polarização continuará gerando transtornos para as instituições de ensino se continuar sendo encarada como um problema meramente político e não pedagógico. “A questão central não é como se despolarizar o campus, mas como proporcionar uma educação de qualidade para alunos e professores que estão tendo cada vez mais dificuldade em discordar, em considerar pontos de vistas diversos”, afirmou Franco em entrevista a VEJA.
Assim como a Universidade de Harvard, Columbia entrou no olho do furacão devido à intensificação de protestos contra Israel e a favor da Palestina em seu campus, o que levou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a suspender o repasse de recursos federais para a entidade e estabelecer uma série de regras para que ela volte a receber o dinheiro.
Sobre a ofensiva de Trump, Franco diz que, nos EUA, os acadêmicos de direita e de esquerda se uniram para criar uma organização, cujo foco é tentar promover a diversidade de pensamento. Iniciativas como essa não existiriam no Brasil porque, segundo ele, uma parte dos professores brasileiros resiste em admitir a existência do viés ideológico em certas universidades.
“Por ai, a direita tenta declarar guerra contra a universidade por se dizer vítima de doutrinação. Do lado da esquerda, a reação é se recusar a admitir que, de fato, existe uma predominância da ideologia de esquerda nas universidades. Admitir que isso é um problema é, de certa forma, visto como uma forma de alimentar a narrativa dos conservadores”, explicou, ao destacar a importância dos docentes na condução desse processo. “Existe, sim, um problema de falta de diversidade ideológica. Existem, muitas vezes, perseguições nas universidades”, concluiu.
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