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PF indica quem é o ‘Edgar’ citado em conversas de Rocha Loures

Ex-assessor presidencial sugeriu a executivo da JBS o nome do empresário Edgar Rafael Safdié como possível operador de pagamentos ilícitos

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 20h56 - Publicado em 20 jun 2017, 21h19

No relatório parcial do inquérito contra o presidente Michel Temer (PMDB) e o ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures, aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) a partir das delações premiadas da JBS, a Polícia Federal desvenda a identidade de “Edgar”, uma das pessoas indicadas por Rocha Loures ao diretor de relações institucionais da empresa, Ricardo Saud, como possíveis operadores dos pagamentos da empresa. No documento, a PF afirma que as evidências colhidas na investigação apontam “com vigor” a prática de corrupção passiva pelo presidente e o deputado da mala.

Segundo o relatório da PF, trata-se de Edgar Rafael Safdié, definido no documento como “empresário atuante no setor imobiliário, financeiro e de participações”. Filho do banqueiro Edmundo Safdié, falecido no ano passado, Edgar foi executivo do Banco Cidade, fundado por seu pai e vendido ao Bradesco em 2002, passou quatro anos na vice-presidência do Banque Safdié, vendido ao banco israelense Leumi em 2011, e é sócio da Latour Capital do Brasil, aberta em 2006.

Em diálogo gravado com Saud, Rocha Loures afirma que Edgar era uma das alternativas viáveis à coleta do dinheiro de propina da JBS porque os outros operadores não poderiam encarar a empreitada. “Então, vamos fazer o seguinte. Eu vou verificar com o Edgar, se o Edgar… tem duas opções. Ou o (ininteligível) ou o (teu xará)”, propôs o ex-assessor presidencial a Saud.

“Percebe-se que Rodrigo da Rocha Loures conversa com desenvoltura sobre as possibilidades operacionais, apresentado o nome de ‘Edgar’ como alternativa para figurar coma operador financeiro no esquema, sob a justificativa de que ‘outros caminhos estão congestionados’. Ao que tudo indica, Rodrigo referiu-se a outros operadores que, por algum motivo, não poderiam suportar a incumbência de que tratavam naquele momento”, diz o relatório da PF.

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O “xará” citado por Rocha Loures como outra opção à operação dos pagamentos ilícitos é Ricardo Mesquita, executivo da empresa de terminais portuários Rodrimar, alternativa que, no entanto, não empolgou Saud. “O problema é o seguinte. Que… a gente já fez muito negócio lá com o Ricardo e com o Celso”, explicou o delator, em referência a Mesquita e Antônio Celso Grecco, dono da Rodrimar.

Entre Mesquita e Edgar, Saud ponderou a Rocha Loures que ficaria mais “confortável” caso o segundo fosse encarregado de recolher o dinheiro da empresa. Ele chegou a sugerir que o operador fosse à Germinare, escola do grupo J&F, em São Paulo, com um isopor às mãos e dissesse que estava ali para buscar carne. “Tem vez que ele pode até levar uma caixa de isopor, tá buscando carne, entendeu? ‘E minha carne aí?’ Tal… muita gente faz isso. Eu acabo pondo umas picanhas mesmo por cima assim”, sugeriu, descrevendo como os valores seriam alocados.

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Caso o “chefe” confiasse em Ricardo Mesquita e Celso Grecco, contudo, Saud disse que “não tem problema nenhum”.

“Rodrigo da Rocha Loures foi insistente ao frisar que submeteria aquelas possibilidades operacionais à apreciação de alguém, para que, após a aquiescência, pudessem definir o modo de repasse. Nesse aspecto, as intervenções de Ricardo Saud na conversa, aludindo duas vezes a “presidente” – sem ter sido refutado por Rodrigo – dão azo à hipótese de que a pessoa a quem Rodrigo da Rocha Loures faria a consulta seria o presidente da República, Michel Temer, sem prejuízo de, em outros momentos, ter feito menções à necessidade de falar previamente com o próprio ‘Edgar’”, pondera o inquérito.

Em seu depoimento aos investigadores, Edgar Safdié admitiu que mantém uma relação “de longa data” com Loures e que esteve com ele em São Paulo no dia 23 de abril, véspera da conversa com Saud em que seu nome foi sugerido como possível operador dos pagamentos.

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O empresário negou no depoimento aos investigadores que tenha recebido dinheiro ou tido qualquer participação nos ilícitos envolvendo a JBS. A defesa de Edgar Safdié afirma que ele nunca teve contato com Loures sobre pagamentos ou recebimento de dinheiro.

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