Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Perdeu a graça: o sonho do MBL de fazer de Gentili um presidenciável

Em busca de uma alternativa de terceira via para 2022, o país chegou perto de viver um roteiro de distopia. Felizmente, a piada não prosperou

Por Leonardo Lellis Atualizado em 4 jun 2024, 13h22 - Publicado em 23 jul 2021, 06h00
CAMPANHA - Gentili: projeção de ministério e outdoor -
CAMPANHA - Gentili: projeção de ministério e outdoor – (Lailson Santos/.)

Quando transmitiu um episódio baseado na possibilidade de um humorista chegar ao Parlamento, a aclamada série britânica Black Mirror arran­cou risos nervosos do público. Mas não estamos tão longe assim dessa distopia, como mostra a eleição do comediante Jimmy Morales para a Presidência da Guatemala, em uma escrita repetida pelos humoristas Vladimir Zelensky, na Ucrânia, Marjan Sarec, na Eslovênia, e, recentemente, com a vitória de Slavi Trifonov nas eleições legislativas da Bulgária. A busca por uma terceira via para concorrer nas eleições de 2022 aproximou o país de viver roteiro parecido com a mobilização do Movimento Brasil Livre (MBL) pela candidatura de Danilo Gentili para disputar a Presidência e fazer frente aos atuais favoritos Jair Bolsonaro (sem partido) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

À semelhança de seus colegas de profissão vitoriosos no exterior, o humorista brasileiro também encampa um discurso antissistema e, por aqui, projeta sua artilharia sobre os dois principais concorrentes do pleito — o que lhe rende algumas dezenas de processos. Depois que Gentili defendeu a ideia de que a população entrasse no Congresso e “socasse todo deputado” favorável à PEC da Impunidade, um pedido de prisão da Câmara dos Deputados despertou uma reação nas redes sociais, que o colocaram na arena de 2022. O MBL levou a brincadeira a sério e resolveu testá-lo em uma pesquisa interna: o humorista alcançou 4% das intenções de voto, ao lado de nomes como o governador paulista João Doria (PSDB) e o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM).

MANIFESTAÇÃO - Passeata pró-impeachment de Dilma: agora o movimento busca outro candidato para chamar de seu -
MANIFESTAÇÃO – Passeata pró-impeachment de Dilma: agora o movimento busca outro candidato para chamar de seu – (Sebastião Moreira/EFE)

Gentili, por sua vez, se animou: vestiu a faixa presidencial, tirou foto com camiseta de campanha, celebrou o apoio do ex-juiz Sergio Moro e projetou um ministério com colegas da TV. Em tom de provocação, o movimento Curitiba Contra a Corrupção instalou um outdoor na capital paranaense promovendo a candidatura. Aos poucos, porém, a história foi perdendo a graça, a ponto de o MBL desembarcar recentemente do projeto. Pesaram contra os compromissos profissionais do humorista, apresentador do talk show The Noite, exibido nas madrugadas do SBT. Como todos sabem, a emissora de Silvio Santos conta com a simpatia do Palácio do Planalto e não demonstra nenhuma pretensão de causar problemas a Bolsonaro — que já foi acusado por Gentili de pedir sua demissão. “Se as contingências da vida não permitem que ele leve adiante a candidatura, tudo bem. Não vamos forçar a barra”, diz Renan Santos, coordenador do MBL.

Continua após a publicidade

Com o humorista e João Amoêdo, presidenciável do Novo em 2018 e também considerado alinhado ao MBL, fora do páreo, o movimento que se notabilizou pelos protestos pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) e pela atuação barulhenta nas redes sociais volta à busca por um candidato para chamar de seu. A primeira condição para conseguir o apoio do grupo é defender abertamente a saída de Bolsonaro. Por enquanto, quem largou em vantagem nesse quesito foi João Doria, que já fez um aceno: em um recente podcast do MBL, o tucano declarou apoiar os protestos marcados para o dia 12 de setembro, que também são convocados pelo Vem Pra Rua e pelo Livres. Doria, porém, enfrenta algumas resistências. Um dos principais nomes do MBL, o deputado estadual Arthur do Val, o Mamãe Falei, é candidato de oposição ao governo do PSDB em São Paulo.

FIM DE PAPO - O coordenador Renan Santos: “Não vamos forçar a barra” -
FIM DE PAPO - O coordenador Renan Santos: “Não vamos forçar a barra” – (Eduardo Anizelli/Folhapress/.)

Enquanto discute quem deve apoiar ao Palácio do Planalto em 2022, o movimento começa a cuidar da organização de um ato que faça frente, nas ruas, aos protestos de esquerda contra Bolsonaro. A intenção do MBL é expandir as manifestações para mais capitais além de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília. Há, porém, dificuldades, como em Curitiba, onde os movimentos outrora animados pela Lava-Jato nem sequer chegaram a um consenso sobre o impeachment. Gentili, por sua vez, segue com seu ganha-pão no SBT, onde tem contrato pelo menos até 2022 — e com trabalho, como se sabe, não dá para brincar.

Publicado em VEJA de 28 de julho de 2021, edição nº 2748

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.