Operação investiga bombeiros por venda de alvarás no Rio
'Operação Ingenium', deflagrada na manhã de hoje cumpre 38 mandados de prisão expedidos pela 1ª Vara de Nova Iguaçu
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e a Polícia Civil realizaram hoje, em ação conjunta com a Secretaria de Segurança do Estado e a Controladoria-Geral da União (CGU), uma operação para combater um esquema de corrupção envolvendo bombeiros.
As investigações começaram com base em escutas telefônicas de bombeiros militares e apontaram a existência de uma organização criminosa responsável por cobrar propinas para a expedição de alvarás e licenças para autorizar o funcionamento de estabelecimentos comerciais.
Batizada de ‘Ingenium’, palavra em latim que significa engenharia, a operação tem o objetivo de cumprir mandados de prisão expedidos pela 1ª Vara de Nova Iguaçu contra 35 bombeiros, entre eles comandantes de grupamentos da Baixada Fluminense e da capital, oficiais ligados à engenharia das corporações e outros três empresários. Também serão cumpridos 67 mandados de busca e apreensão nas residências dos suspeitos, nos quartéis e empresas de pessoas investigadas.
Segundo o MP, os valores cobrados variavam de acordo com o tamanho dos estabelecimentos comerciais. O grupo cobrou propina até em estádio de futebol.
“Os documentos eram classificados pelos integrantes da organização criminosa como de ‘pequeno ou grande porte’. Esse era um dos critérios para a fixação de preços para a propina, que variavam entre R$ 750 podendo chegar até R$ 30 mil”.
O esquema funcionava em diversas unidades, principalmente no 4º Batalhão, em Nova Iguaçu, no 14º em Duque de Caxias e no Grupamento de Operações com Produtos Perigosos (GOPP). Entre os locais onde serão cumpridos os mandados de busca e apreensão, estão estas três unidades da corporação, além do 8º Batalhão, em Campinho, 12º em Jacarepaguá, 17º em Copacabana e o Comando de Bombeiros de Área (CBA) da Baixada Fluminense.
Os bombeiros deveriam realizar vistorias para garantir a segurança do público, verificando as saídas de emergências e outras medidas obrigatórias para assegurar o bom funcionamento do local. Com o esquema, esse tipo de controle ficou comprometido.
O grupo era liderado pelos coronéis José Augusto Cunha e Ricardo Luiz Ferreira, assessores especiais do comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do Rio de Janeiro (CBMERJ).
Para garantir a perpetuação do esquema, os assessores indicavam outros comandantes da unidade e tinham outros militares envolvidos para acobertar o crime.
“Eles contavam com a participação dos bombeiros lotados no setor da engenharia, além de bombeiros militares da reserva e civis, que intermediavam os pagamentos das propinas pagas por empresários para obtenção do documento que permitia o funcionamento do empreendimento” diz nota do CGU e do MP.
Procurada, a assessoria de comunicação do Corpo de Bombeiros informou que acompanha e colabora com as investigações.