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“O 8 de Janeiro tem de ser lembrado também pela omissão”, diz senador

Esperidião Amim afirma que ainda é cedo para se fazer uma avaliação histórica sobre os ataques às sedes do Planalto, do Supremo e do Congresso Nacional

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 23 dez 2023, 16h35

O senador Esperidião Amin (PP-SC) é titular da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso Nacional, encarregada de acompanhar as ações das agências que cuidam do levantamento de informações para o governo, como a Abin. No fatídico dia 8 de janeiro deste ano, o parlamentar estava em Ponta das Canas, em Santa Catarina, participando de um churrasco com amigos, quando viu pela televisão o momento da invasão das sedes do Supremo Tribunal Federal, do Congresso e do Palácio do Planalto. Desde então, ele diz que se esforça para esclarecer o que transformou uma manifestação que era para ser pacífica numa imensa baderna.  Nesta entrevista a VEJA, Amin afirma que ainda é cedo para se fazer uma avaliação histórica sobre os eventos de um ano atrás:

O que o 8 de Janeiro representou para o país? Um vandalismo absurdo, marcado por imagens repugnantes. Mas não houve tentativa de golpe, como dizem.  Tentativa de golpe tem que ter no mínimo uma articulação que envolva alguma das forças políticas predominantes. Não houve articulação nem política, nem militar e nem eclesiástica. Para ter tentativa de golpe tem que ter alguma liderança e não houve liderança. Era um bando de vândalos descoordenados, que nem sequer estavam armados, e poderiam ter sido neutralizados por 500 policiais.

Mas não foram neutralizados. Esse, pra mim, é o mistério que ainda precisa ser esclarecido. Aquelas cenas provocaram uma comoção no país pela violência e pelo relaxamento do governo, pela omissão, pela verdadeira cumplicidade. O 8 de janeiro tem de ser lembrado também pela omissão.

As investigações feitas nunca não encontraram nenhuma prova do que o senhor afirma. Os documentos que reunimos  mostram que 48 agências desse governo sabiam que o Congresso e os outros prédios iam ser invadidos. Isso é a cumplicidade consciente. A sabatina do Flávio Dino confirmou isso. Ao ser perguntado sobre isso, ele apenas se limitou a dizer: “eu não vi, eu não sabia”. Ele assinou um ofício para o governador do DF avisando que baixou a regulamentação da Força Nacional, tudo na véspera, e não agiu.

Por que o governo se envolveria em algo assim? Foi interessante para ele. Comprovadamente interessante.  Há muitas imagens que foram omitidas pelo governo, inclusive pelo Ministério da Justiça. O Congresso não conseguiu as cópias das imagens nem com a determinação do Supremo Tribunal Federal. Ainda é muito cedo para fazer uma avaliação histórica disso, mas a forma como foram presas as pessoas, como se diz em Ponta das Canas, foi uma tarrafada. Deram uma tarrafada, pegaram mais de mil pessoas, inclusive pessoas que chegaram depois dos eventos.

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