Nunes e Tarcísio vão a igreja de ‘apóstolo’ que vendeu falsa cura de doença
Governador faz alerta para a existência de "falsos profetas" em igreja do religioso que prometeu cura da Covid-19 com sementes e feijão
Na reta final da campanha eleitoral para prefeitos e vereadores, partidos políticos de várias tendências procuram aproximação com as igrejas evangélicas para conquistar o voto dos fiéis. O PT e sua Fundação Perseu Abramo, por exemplo, estão divulgando uma cartilha ensinando os militantes a atrair os frequentadores de igrejas evangélicas. Hoje foi a vez do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que tenta a reeleição, buscar o voto dos fiéis. Nas últimas semanas, a “estratégia” já havia sido empreendida pelo mandatário.
Na companhia do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), um de seus cabos eleitorais de peso, Nunes foi à igreja Mundial do Poder de Deus, do ‘apóstolo’ Valdemiro Santiago, em São Paulo. Tarcísio chamou a atenção dos fiéis para o que chamou de “falsos profetas”, gente que estaria prometendo coisas mirabolantes.
Valdemiro também já prometeu coisas mirabolantes. E não cumpriu. Durante a pandemia, o apóstolo foi alvo de uma investigação por estelionato, após anunciar a venda de sementes de feijão com poder de curar a Covid-19. Nem ele curou a Covid com suas caríssimas sementes de feijão e nem a Justiça foi à frente. O caso foi arquivado dois anos depois.
Prisão por porte de armas
O apóstolo já foi alvo dos holofotes da polícia em outros casos que não têm nenhuma relação com evangelização. Em 2003, Valdemiro chegou a ser preso sob acusação de porte ilegal de armas em Sorocaba. A polícia encontrou uma carabina, duas escopetas e munição no carro de Valdemiro.
Em 2021, o apóstolo foi pilhado recebendo 1,2 milhão de reais da própria igreja, manobra considerada pela Justiça como forte indício de que ele estava tentando transferir irregularmente o patrimônio da igreja para a conta pessoal, de forma a se proteger de eventuais confiscos.
O apóstolo não mede palavras para atacar os adversários. Em 2021, foi condenado a pagar 35 mil reais em danos morais ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, por dizer que o político tinha feito pacto com o capeta. Durante uma das pregações ao vivo, ele comparou a greve dos funcionários de sua emissora de não gostarem de trabalhar, “assim como “aquele que cortou o dedo só para se aposentar”, referência ao presidente Lula.