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‘Monitor da Cracolândia’ vai mapear crimes e uso de drogas no centro de SP

Governo cria plataforma que fará atualizações sobre criminalidade, local exato das ocorrências e até o número de dependentes circulando pela região

Por Bruno Caniato Atualizado em 14 abr 2023, 14h47 - Publicado em 14 abr 2023, 14h23

Em uma tarde qualquer na cidade de São Paulo, mais de 1.300 pessoas circulam pela área central consumindo crack e entorpecentes similares a céu aberto. Ao longo de uma semana, nesta região – que abrange alguns dos bairros mais conhecidos da capital paulista, como Santa Cecília, República, Luz e o icônico cruzamento entre as avenidas Ipiranga e São João –, as autoridades apreendem 18 quilos de drogas e registram quase 1.200 ocorrências criminais, entre furtos de celulares, assaltos a estabelecimentos comerciais e perturbação da ordem.

A situação de crescente violência na área da Cracolândia não é novidade para a população da capital, mas torna-se ainda mais assombrosa quando se analisam esses números mais precisos sobre a criminalidade na região. Os dados estão disponíveis publicamente em uma nova plataforma da Secretaria de Segurança Pública que informa o total de ocorrências semanais nos locais exatos onde foram registradas, formando um mapa da violência na região.

O secretário estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite, explica que o objetivo dessa nova tecnologia é aumentar a transparência da criminalidade para a população e identificar as áreas para maior direcionamento e eficiência das operações policiais. O combate à violência tornou-se uma das principais demandas dos paulistanos, que hoje vivem em estado de insegurança constante e evitam ao máximo transitar nas proximidades da Cracolândia. Além dos crimes cotidianamente observados no centro, a região também vem sendo alvo de ações desproporcionalmente violentas. Na manhã da sexta-feira passada, 7, por exemplo, em reação a uma operação policial na Cracolândia, um grupo de 50 pessoas realizou um arrastão na Praça Júlio Mesquita, saqueando uma farmácia e um mercado locais.

Em contraste à atuação das forças de segurança, diversos grupos que trabalham na Cracolândia para acolher e reintegrar os usuários de drogas à sociedade criticam a ineficiência das políticas municipais e estaduais para reduzir a violência e denunciam a brutalidade das operações policiais que, muitas vezes, fazem uso de força excessiva mesmo quando não há resistência por parte dos criminosos. Na quarta-feira, 12, nove entidades, incluindo o Centro de Convivência É de Lei, a Craco Resiste e o Instituto Adesaf, foram a Brasília para pedir ao ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, a atuação direta do governo federal para implementar programas de assistência aos dependentes químicos na região central de São Paulo.

O governo de São Paulo e a prefeitura anunciaram no início do ano um novo projeto de intervenção na região, uma questão que desafia os governantes desde meados dos anos 1990.

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