Milícia cobra R$ 100 mensais por imóvel em condomínio onde prédios caíram
Controle da cobrança é feito com um carnê distribuído a quem ocupa apartamentos ou casas do condomínio Figueiras do Itanhangá
Moradores do mesmo condomínio em que dois prédios caíram nesta sexta-feira, 12, na Muzema, Zona Oeste do Rio de Janeiro, relatam que milicianos cobram uma taxa mensal de 100 reais por imóvel. O controle da cobrança é feito com um carnê distribuído a quem ocupa apartamentos ou casas do condomínio Figueiras do Itanhangá. Segundo estes moradores ouvidos por VEJA, o dinheiro arrecadado só serve para financiar a milícia.
“Cobram isso da gente e não fazem nada com o dinheiro para as pessoas que moram aqui. Não é um condomínio que tem controle de entrada e saída. Todas as ruas estão destruídas”, contou uma moradora a VEJA, sob condição de anonimato.
Motociclistas cruzam as ruas do condomínio uma vez por mês fazendo a cobrança de casa em casa. O rosto por trás da extorsão, no entanto, é desconhecido desde que o miliciano responsável pelo condomínio foi morto, em 2014.
Quem vive no condomínio em que aconteceu a tragédia teme represálias da milícia, mas também se impressiona com a expansão imobiliária comandada pelos criminosos da região. Um apartamento em um dos prédios que caíram, segundo VEJA apurou, custaria cerca de 90.000 reais.
“Já vi prédio subir 6 andares em 6 meses aqui. A sorte é que essa tragédia não foi tão grave como poderia ter sido” relatou um morador. Há dezenas de prédios em construção pelo condomínio.
Até agora, já foram confirmadas três mortes e nove feridos após o desabamento dos prédios na Muzema.