Ao menos 26 morrem na mais violenta rebelião do RN
Motim foi controlado no início da manhã deste domingo, 15, por policiais militares e agentes penitenciários. Corpos foram levados para identificação
Por Da redação
Atualizado em 4 jun 2024, 20h43 - Publicado em 15 jan 2017, 14h07
Ao menos 26 detentos morreram na rebelião da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal, considerado o motim mais violento da história do Rio Grande do Norte. O número de mortos foi confirmado pelo secretário de Segurança e Defesa Social do RN, Caio César Bezerra, no início da noite deste domingo. Segundo as informações da secretaria, 24 detentos foram decapitados e dois, carbonizados. A rebelião, que teve início no sábado, foi controlada no início da manhã deste domingo por policiais militares e agentes penitenciários.
Mais cedo, o governo do estado havia divulgado o número de 27 presos mortos, mas, depois, afirmou que um deles havia sido contado duas vezes – alguns detentos foram esquartejados e outros carbonizados, dificultando o levantamento dos peritos. Os corpos foram recolhidos em um caminhão frigorífico alugado e levados ao Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep) do Rio do Grande do Norte para que seja feita a identificação, que deve começar na segunda-feira com o apoio de legistas do Ceará e da Paraíba, que vão ajudar no trabalho. O caminhão passará a noite no quartel da Polícia Militar, por questões de segurança.
Em entrevista coletiva na noite deste domingo, o secretário de Justiça, Walber Virgolino Ferreira da Silva afirmou que na segunda-feira haverá nova busca por corpos no presídio – há boatos de que haveria mais detentos mortos nas fossas do local, informação que o secretário não acredita que se confirme. Pelo menos seis homens, pertencentes à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), foram identificados como os responsáveis pela rebelião que destruiu parcialmente a Penitenciária Estadual de Alcaçuz e o Pavilhão Rogério Coutinho Madruga. De acordo com Virgolino, os líderes identificados estão isolados e devem ser transferidos para outras unidades do estado. Segundo a secretaria, o governo deve pedir a transferência dos líderes para presídios federais com a meta de enfraquecer possíveis reações dos detentos e separar duas facções, Sindicato do Crime e PCC.
Durante a entrevista, Bezerra afirmou que haverá reforço nas guaritas e nos arredores do presídio durante a noite com o objetivo de evitar fugas. Na segunda-feira, uma nova revista na unidade será feita, para buscar armas. Após a rebelião foram foram encontradas armas de fogo artesanais, afirmou o secretário.
A rebelião – resultante de uma briga entre integrantes de facções criminosas rivais que cumprem pena na unidade – aconteceu no pavilhão 4 da penitenciária, quando detentos do pavilhão 5, que são mantidos separados, escaparam e deram início ao confronto. Na coletiva de imprensa realizada no final da manhã, Virgolino declarou que a rebelião foi a maior já registrada no complexo prisional, fundado no final da década de 1990. “É a maior rebelião em número de mortos, mas não iremos superar Roraima”, afirmou o secretário.
Desde março de 2015, o sistema prisional potiguar enfrenta uma séria crise estrutural. A população carcerária do Estado gira em torno de 7.700 pessoas. O déficit de vagas se aproxima das 4.000.
Bezerra, destacou que a ação de retomada de controle da unidade prisional foi positiva. “Os presos não reagiram e estamos avançando na contenção de todos os pavilhões”, frisou, durante a coletiva.
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O Rio Grande do Norte não dispõe de um Instituto Médico Legal (IML), mas sim de um Instituto Técnico de Perícia (Itep). Todos os corpos a serem recolhidos da Penitenciária de Alcaçuz serão transferidos para a sede do Itep, situada na zona portuária de Natal, cerca de 25 quilômetros distante do presídio. Uma força tarefa foi montada para a identificação das vítimas fatais.
“Teremos três legistas, cinco necropapiloscopistas, três odontologistas legais e quatro peritos criminais que irão fazer a perícia no local do crime. Já alugamos uma câmara frigorífica para a acomodação dos corpos”, disse o diretor do Itep, Marcos Brandão. A sede do órgão, fundado há mais de 70 anos, não dispõe de estrutura capaz de receber elevado número de cadáveres.
Para o atendimento aos familiares dos presos mortos, uma central de informações com atendimento de psicólogos e assistentes sociais será montada nas proximidades do Itep. Até o início da tarde deste domingo, nenhum dos corpos das vítimas da guerra de facções no Estado potiguar havia sido recolhido da Penitenciária de Alcaçuz. “Tem muita decapitação. Precisamos identificar todos as cabeças e corpos para depois remontá-los”, disse Marcos Brandão.
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O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), não participou da entrevista.
(Com Estadão Conteúdo)
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