Justiça do Rio aceita denúncia contra Tamara Garcia por lavagem de dinheiro
Filha do bicheiro Maninho, morto em 2004, é alvo pelo aluguel de casa luxuosa ao jogador do Flamengo Erick Pulgar, com pagamentos de 70 mil reais em espécie

A Justiça do Rio aceitou uma denúncia feita pelo Ministério Público do estado contra Tamara Garcia, filha do bicheiro Maninho, por lavagem de dinheiro. A investigação mira o aluguel da “casa de vidro”, uma residência luxuosa na Barra da Tijuca que pertence a ela e a seu ex-marido, o também contraventor Bernardo Bello. De setembro de 2023 a março deste ano, o imóvel estava ocupado pelo jogador do Flamengo Erick Pulgar, que firmou contrato para o pagamento mensal de 70 mil reais em espécie aos locadores, por intermédio de corretores.
A denúncia afirma que Tamara “dissimulou a movimentação de valores provenientes indiretamente de infração penal, ao receber em espécie os aluguéis” da casa. Segundo o Ministério Público do Rio, o “imóvel está sequestrado judicialmente por ter sido adquirido com recursos provenientes de atividades criminosas”. A acusação afirma ainda que os pagamentos aconteceram mesmo com a restrição judicial, que impedia a residência de ser alugada.

Apesar de o aluguel envolver o jogador de futebol Erick Pulgar, volante do Flamengo, o atleta não é investigado no processo neste momento. Ainda assim, deverá ser chamado para testemunhar no caso.
A investigação foi conduzida pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado do MPRJ, que também sustenta que os pagamentos foram realizados em espécie e “em locais públicos, longe de escritórios ou ambientes com câmeras de vigilância”. A justificativa apresentada por Tamara aos promotores, segundo o Ministério Público, foi de que os valores lhe eram repassados dessa forma em razão do bloqueio de suas contas bancárias devido a processos de inventário.

Filha de Maninho, assassinado na porta de uma academia em 2004, Tamara foi casada com o bicheiro Bernardo Bello, que também é dono da “casa de vidro”. Bello, no entanto, está foragido da Justiça desde o ano passado, quando foi alvo de uma operação da Polícia Civil e do próprio MP do Rio.
Diante da denúncia, o Juízo da 1ª Vara Criminal Especializada em Crime Organizado determinou que Tamara compareça quinzenalmente em juízo, proibiu sua saída do estado do Rio por mais de 15 dias sem autorização judicial e vedou qualquer contato com testemunhas do processo.
Na decisão, o juiz Gustavo Gomes Kalil ressalta que as condutas de Tamara, “além de demonstrarem uma tentativa deliberada de frustrar a eficácia da ordem judicial, evidenciam um risco concreto de interferência no curso regular do processo, especialmente no que se refere à possibilidade de influenciar o depoimento das testemunhas ou comprometer a integridade da colheita de provas”.