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Janot: Rocha Loures aceitou oferta de propina em nome de Temer

Procurador-geral da República se refere ao acerto de 5% do lucro de uma usina termelétrica do grupo J&F em Mato Grosso

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 2 jun 2017, 16h39 - Publicado em 2 jun 2017, 15h26

Enquanto o ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures se mantém em silêncio sobre o episódio em que foi flagrado pela Polícia Federal ao receber uma mala com 500.000 reais em propina, entregue por um executivo e delator da JBS, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirma que ele aceitou “com  naturalidade” oferta de vantagens indevidas em nome do presidente Michel Temer.

Ao pedir novamente a prisão preventiva de Rocha Loures ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, ontem, Janot afirmou que “em suma, Rodrigo Loures aceitou e recebeu com naturalidade, em nome de Michel Temer, a oferta de propina (5% sobre o benefício econômico a ser auferido) feita pelo empresário Joesley Batista, em troca de interceder a favor do Grupo J&F, mais especificamente em favor da EPE Cuiabá, em processo administrativo que tramita no Cade”.

O novo pedido de prisão contra o peemedebista foi feito pelo procurador-geral depois que Rocha Loures perdeu o foro privilegiado. Ele era suplente do deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR), que retomou sua cadeira na Câmara depois de ser demitido do Ministério da Justiça e recusar o convite de Temer para assumir o Ministério da Transparência. Ao negar que o ex-assessor presidencial fosse levado à cadeia na Operação Patmos, Fachin consignou que parlamentares no exercício do mandato só podem ser presos caso apanhados em flagrante por crimes inafiançáveis, conforme prevê o artigo 53 da Constituição.

Rodrigo Rocha Loures é investigado ao lado de Michel Temer no inquérito 4483, aberto no STF a partir das revelações de executivos da JBS para investigar os crimes de corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa.

Temer foi gravado pelo dono da empresa e delator, Joesley Batista, em uma conversa no Palácio do Jaburu no dia 7 de março. No diálogo, o presidente diz “ótimo, ótimo” quando o empresário revelou estar “comprando” um procurador do Ministério Público Federal e “segurando” dois juízes, além de ter respondido “tem que manter isso, viu?” diante da afirmação de Joesley de que estava “de bem” com o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro, ambos presos.

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Na conversa, o empresário disse a Temer que precisaria de ajuda do Planalto para vencer um processo administrativo contra a Petrobras no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O presidente, então, indica Rocha Loures como interlocutor de sua “estrita confiança” para atender à demanda do grupo J&F. Em encontro com o aliado de Michel Temer, Joesley prometeu que a ajuda renderia 500.000 reais semanais em propina durante 20 anos.

No dia 18 de abril, Rodrigo Rocha Loures foi flagrado pela Polícia Federal ao sair de uma pizzaria nos Jardins, em São Paulo, com uma mala recheada com 500.000 reais entregue pelo diretor de relações institucionais da JBS e também delator, Ricardo Saud. Rocha Loures acabou devolvendo o dinheiro no último dia 25 .

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